sábado, 27 de outubro de 2012


Homenagem ao eterno Lua. 26 de outubro de 2012

"GONZAGA - DE PAI PARA FILHO" É JUSTA HOMENAGEM AO REI DO BAIÃO NO ANO DE SEU CENTENÁRIO. ASSISTA AO TRAILER DO FILME!



Ao fazer mais uma vez uma cinebiografia musical baseada na relação entre pais e filhos, como em "Os Dois Filhos de Francisco" (2005), Breno Silveira tinha tudo para se dar mal. Se não fossem os protagonistas dessa trama o Rei do Baião, Luiz Gonzaga, e o filho com quem teve uma relação conturbada durante quase toda a vida, o também cantor e compositor, Luiz Gonzaga Jr. – o Gonzaguinha.















O fio condutor da história baseia-se em 15 horas de entrevista realizada por Gonzaguinha com o pai em Exu, no sertão pernambucano, quando ele já adulto e reconhecido cantor resolve ir atrás de Gonzagão, mito falido, para ajudá-lo e finalmente conhecê-lo.

A partir desse reencontro revela-se como aquele mulato, pobre e sem estudos que sonhava integrar o bando de Lampião foge de casa para escapar da morte, vive dez anos como soldado do Exército (1929-1939), passando por cinco revoluções sem dar um tiro, até chegar com um acordeão para tentar a vida no Rio de Janeiro. Na capital, pena durante algum tempo tocando fados e tangos, até encontrar em suas raízes sertanejas o estilo diferente que o faria ganhar fama nas rádios. O baião o transformaria num dos mais famosos astros da época e no maior ícone da música nordestina, responsável por sintetizar um estilo harmônico e estético únicos.

A relação complicada de Gonzagão com o filho, desconhecida por boa parte do público, marca vários pontos de tensão da trama. Chega a quase cansar, mas não foge do que foi a real relação entre os dois – nada íntimos até o reencontro tardio.

Para costurar a história, Breno Silveira usa boa fotografia e reconstituição de época quase perfeita (acaba passando uma estação do bondinho do Pão de Açúcar atual como fundo nas cenas de Gonzaga com Odaléia na Praia Vermelha, na década de 1940). Outro recurso que funciona bem é a utilização de imagens reais durante o filme, dando ar documental à trajetória dos personagens. E claro, como não podia deixar de ser, a música dos dois protagonistas está presente em todo o filme, de forma muito bem colocada.

Para encarnar Gonzagão, o diretor optou em buscar dois atores desconhecidos para viver a fase pós 27 anos de idade. Chambinho do Acordeom vai muito bem no papel do personagem até os 50 anos, bem como Adélio Lima dos 50 até o fim da vida. Ambos ficaram incrivelmente parecidos com o músico. Ironicamente, o único ator profissional que faz Gonzaga (até os 27 anos) é o pior dos três, mas não compromete. Entre os que fazem Gonzaguinha, Júlio Andrade também impressiona pela similaridade física e boa interpretação.

"Gonzaga – De pai pra filho" é assumidamente povão e faz uma justa homenagem ao Rei do Baião no ano de seu centenário, sem pretensão de ser uma grande obra cult. E sua grandiosidade acaba sendo cumprir o que muitos filmes não fazem há tempos: entregar o que prometem de forma honesta.


Confira o trailer:









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