domingo, 5 de maio de 2013


4G no Brasil: realidade ou ficção? Antenas, aparelhos compatíveis e custo deixam a desejar


Propaganda enganosa. Foi assim que a fundação Proteste de defesa do consumidor classificou o lançamento das redes de internet móvel de quarta geração (4G) no Brasil. A nova tecnologia, que promete velocidades de transmissão de dados até dez vezes superiores às do 3G, ainda é “cara, compatível com poucos celulares e disponível em poucas regiões de algumas cidades”, informou a organização em comunicado. A cobertura, por enquanto, está restrita aos maiores centros urbanos (confira o quadro) e diretamente ligada à realização da Copa das Confederações, em junho. Uma das exigências que o Brasil tem de cumprir em relação à infraestrutura é justamente a instalação do 4G em todas as cidades-sede da competição de futebol. Com o prazo se esgotando, as operadoras de telefonia celular, pressionadas pelo governo, apressaram-se em vender os primeiros pacotes. “A notícia que a gente tem é que a abrangência da rede e o número de cidades atendidas vão aumentar”, afirmou o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, sem ter certeza de quando exatamente isso vai acontecer.
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SEM PREVISÃO
O ministro Paulo Bernardo não sabe dizer quando o sistema funcionará

Para acessar a nova rede móvel de alta velocidade, é preciso ter um aparelho compatível, o que também pode representar um desafio no Brasil. Os modelos disponíveis são escassos e caros. Pior ainda: smartphones comprados em países como Estados Unidos, Japão, Inglaterra e Alemanha simplesmente não funcionarão com a rede 4G brasileira, que possui uma frequência de operação diferente. Para os turistas que virão ao País nos grandes eventos esportivos, como a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016, essa é uma péssima notícia. Os planos de dados também são cerca de 45% mais caros do que os do 3G oferecidos atualmente.
Para que o 4G nacional efetivamente deixe de ser um fracasso, os obstáculos são imensos. “O desafio das operadoras agora é aumentar a capacidade de tráfego”, diz João Moura, presidente da Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas (TelComp). Para que isso aconteça, é necessário superar uma série de impedimentos técnicos. “A faixa na qual a rede 4G foi alocada, de 2.500 MHz, tem alcance menor do que a usada pelo 3G. Por isso, é preciso instalar mais antenas”, diz Ugo Dias, professor de engenharia elétrica da Universidade de Brasília.
Segundo as estimativas dos especialistas, para conseguir cumprir as metas até 2014, as operadoras terão de instalar nada menos que 30 antenas por dia. Além disso, só é possível colocar equipamentos de 4G nas torres de transmissão que comportam redes de fibra óptica, e elas são minoria no sistema. Para sanar parte do problema, o governo cogita rea­locar o 4G na frequência de 700 MHz, que tem um alcance maior. Antes, no entanto, ele precisa finalizar a migração para o sinal digital dos canais de tevê analógicos, que hoje ocupam essa faixa. As prestadoras instalaram cerca de 3.500 antenas até agora. A intenção das empresas é que esse número chegue a 9.500 até o final do ano, mas dificuldades burocráticas emperram a expansão. “As leis municipais que regulam as instalações de novas antenas são muito restritivas”, afirma Carlos Duprat, diretor do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (Sinditelebrasil).
Diante de todas essas questões, vale a pena investir na migração para a rede 4G agora? “Para a maioria das aplicações, o 3G é suficiente. A não ser que o usuário tenha demandas específicas, como fazer muitas videoconferências”, diz Varese Timóteo. “Para quem vive em uma dessas cidades que vai sediar os grandes eventos esportivos, precisa ficar online o tempo todo e baixa muitos arquivos pesados, pode valer a pena ter o 4G”, afirma Ugo Dias. Para os usuários moderados, compensa esperar. O problema é que, por enquanto, ninguém pode dizer com exatidão quando o 4G estará realmente apto a atender aos desejos dos consumidores.
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Isto É Independente 

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