quinta-feira, 16 de maio de 2013


segunda-feira, 4 de março de 2013

Capítulo 3 – A sociedade mineradora. Resumo baseado no livro História do Brasil de Boris Fausto.

1 – Ouro e diamantes: as primeiras mudanças da colônia.

Os bandeirantes paulistas tinham certeza de que havia ouro nas terras do Brasil, sabiam disso porque o metal e as pedras preciosas eram abundantes na América inteira e não podia ser diferente por aqui. Depois de algum tempo procurando a confirmação veio em 1965, no Rio das Velhas (MG), próximo às atuais Sabará e Caeté e também foi encontrado, posteriormente, em Goiás, Bahia e Mato Grosso. Ao lado do ouro surgiram os diamantes, mas não tiveram tanta importância econômica.
A exploração de metais preciosos teve efeitos na Colônia e na Metrópole, a busca pelo ouro ocasionou a primeira grande onda migratória da Metrópole para a Colônia. Na questão econômica esse ouro deu um certo alívio financeiro para Portugal, o país havia assinado com a Inglaterra o Tratado de Methuen, onde se comprometia a comprar os tecidos ingleses em troca da tributação dos vinhos portugueses por parte dos britânicos que reduziria o imposto sobre a produto para um terço em relação aos vinhos de outra origem. Como os vinhos eram mais baratos que os tecidos a balança comercial lusitana estava desequilibrada, a não ser pelo ouro que garantia a sua estabilidade.
Assim o ouro colonial realizou um ciclo triangular garantindo o acumulo de capital para a Inglaterra, garantindo as construções ordenadas por D. João VI em Portugal e enriquecendo relativamente a região mineira no Brasil.
A economia açucareira nordestina foi afetada pela extração de ouro, pois perdeu grande parte do contingente algumas pessoas buscavam enriquecimento com a mineração e o preço do escravo aumentou devido à grande procura. O eixo administrativo se deslocou para o Centro-Sul. Em 1763, a capital do Vice-Reinado foi transferida para o Rio de Janeiro, isso porque o lugar era mais próximo da região mineradora e virou o único porto que o governo português permitia o embarque de ouro. A economia mineradora gerou uma interação entre as demais áreas da Colônia, gado e alimentos vinham da Bahia, do Sul além do gado vieram as mulas necessárias para o transporte, e a feira de Sorocaba no interior de São Paulo se tornou parada obrigatória de viajantes.
2 – O controle das minas.
A coroa realizou uma intervenção regulamentadora para a extração de metais preciosos, foi a mais ampla até então já realizada. Essas medidas foram tomadas para proveito próprio e para evitar o caos durante a corrida pelo ouro.
Foram criados dois sistemas básicos para evitar o contrabando:

  • O quinto – a quinta parte de todos os metais extraídos deveria pertencer ao rei.
  • A capitação – imposto cobrado por cabeça de escravo, por mineradores livres ou por estabelecimento.
Durante o início das atividades mineradoras a Câmara de São Paulo reivindicou, junto ao rei de Portugal, que somente aos moradores da Vila de São Paulo fosse dado o direito de exploração das minas. Por haver um grande número de brasileiros não paulistas que já explorava o local a reivindicação se tornou inviável. Os paulistas se revoltaram e iniciaram a Guerra dos Emboabas (1708-1709). Os paulistas foram derrotados, mas conseguiram com que fosse criada a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro (1711), posteriormente Minas se tornaria uma Capitania separada (1720).
Em 1719, devido aos altos índices de contrabando foram criadas as Casas de Fundição, locais onde o ouro era transformado em barras, selado e quintado. O ouro saia delas e era escoltado pelos Dragões. A criação dessas casas aumentou a insatisfação das pessoas e deu origem à Revolta de Vila Rica. As principais exigências eram: a redução do preço dos alimentos e a anulação do decreto que criava as casa de fundição. A revolta foi reprimida e seus líderes presos e mortos.

Ouro das casa de fundição, numerados, datados e com o carimbo da coroa portuguesa.


O governo português tentou evitar que a nova capitania se transformasse em território livre, estabeleceu leis de emigração em Portugal, ou seja, evitar que portugueses saíssem da metrópole para a colônia e a entrada de frades foi proibida e determinou ainda que todos os desocupados fossem presos (1738).
A Coroa também buscou impedir um desequilíbrio entre as regiões da Colônia. Foi proibido o comércio de produtos importados da Metrópole entre Bahia e as minas, para facilitar a vigilância vários acampamentos foram transformados em vilas. Também foram criadas juntas de julgamento e nomeou ouvidores que julgavam questões e supervisionava a arrecadação do quinto. Também foram enviados os Dragões soldados que evitavam revoltas e as milícias se formavam para casos de emergência.
As grandes distâncias e a corrupção foram fatores que dificultaram as ações de segurança da Coroa.

Uma das formas de contrabando do ouro era esconder o mineral dentro de estátuas de madeira de santos, essa prática deu origem ao termo "santo do pau oco" utilizado quando dizemos que uma pessoa não é aquilo que ela aparenta ser.

3 – A sociedade.
Devido grande movimento de pessoas de várias classes sociais para a região das minas, ali se formou uma sociedade própria. Grande parte dessas pessoas tinham interesses não relacionados aos da Metrópole o que deu origem a uma série de revoltas e conspirações. A proibição da entrada das ordens religiosas na região das Minas fez com que ordens religiosas leigas surgissem e patrocinassem a construção de igrejas ao estilo barroco.   

Painel “A Última Ceia” (Colégio do Caraça – 1828). A única obra de cavalete realizada pelo Pintor. Obra do estilo Barroco o mais difundido durante o Ciclo do Ouro.
A Última Ceia escultura de Francisco da Silva Lisboa, o Aleijadinho.


Matriz de Santo Antônio - Cidade de Tiradentes parte interna, a igreja que foi esculpida por Aleijadinho é considerada uma das mais ricas do período.


Na base da sociedade estavam os escravos, muitos trabalhavam na mineração que era uma atividade pesada, quando a exploração saiu dos leitos dos rios e passou para a exploração em minas a situação piorou, a vida útil de um escravo tinha em média de 7 a 12 anos. Nesse período o número de exportação de escravos aumentou para suprir esse número de inutilizados.
O número de mestiços também cresceu, assim como o número de alforrias, embora seja motivo de discussão entre historiadores, acredita-se que isso ocorreu porque a decadência da produção de ouro fez com que muitos proprietários não conseguissem manter os seus escravos. Além dos escravos haviam homens livres que formavam uma classe intermediária de comerciantes, funcionários públicos, advogados, etc.
A sociedade das minas não era rica. No início os exploradores só se focaram na extração mineral o que ocasionou uma carência principalmente de alimentos, além de uma inflação que atingiu toda a Colônia. Com o passar do tempo ocorreu uma diversificação na economia o que tornou a sociedade mineira rica e próspera, essa riqueza está exposta nas construções e obras históricas das sociedades mineradoras.
No entanto, essa riqueza não estava dividida igualmente, mas sim concentrada nas mãos de poucos, principalmente de um grupo que não se dedicava somente à extração mineral. O período de apogeu da sociedade do ouro foi curto, de 1733 a 1748. O retrocesso da região foi nítido, a população de Ouro Preto, por exemplo, caiu de 20 mil para 7 mil em 60 anos. Porém esse retrocesso não atingiu toda a Capitania de Minas Gerais, que se manteve graças à pecuária, à agricultura e, mais tarde, à manufatura. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário