Itália vai ter eleições parlamentares antecipadas em 24 e 25 de fevereiro
Presidente dissolveu Parlamento após renúncia do premiê Mario Monti.
Tecnocrata faz suspense sobre possível candidatura para voltar ao cargo.
A eleição foi marcada após o presidente italiano, Giorgio Napolitano, ter dissolvido o Parlamento, um dia após a renúncia do premiê Mario Monti.
Monti demitiu-se do cargo, como era esperado, após conseguir a aprovação do Orçamento de 2013 no país em crise financeira.
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O presidente pediu que o tecnocrata Monti continue no cargo interinamente.Monti, que neste mês perdeu a maioria no Parlamento ao perder o apoio do partido Povo da Liberdade (PDL), de centro-direita, de seu antecessor Silvio Berlusconi, já havia anunciado que renunciaria quando o Orçamento fosse aprovado.
O presidente da Itália, Giorgio Napolitano, anuncia neste sábado (22) em Roma a dissolução do Parlamento (Foto: AFP)
Nesta sexta, a Câmara dos Deputados ratificou a lei com 309 votos a favor, 55 contra e 5 abstenções.Desde 1994, Monti era reitor da prestigiosa Universidade Bocconi de Milão.
Quando foi designado como Comissário para a Competitividade da União Europeia, o chamavam de "Super Mario", por sua capacidade de enfrentar os bancos e de batalhar contra os monopólios, após ter impedido o matrimônio em 2001 entre gigantes como General Electric e Honeywell, ou Schneider e Legrand.
Ele também desafiou em 2004 o multimilionário Bill Gates ao impor à Microsoft uma multa de 497 milhões de euros, que obrigou o grupo a facilitar a compatibilidade de seus produtos. A sentença marcou o mundo da tecnologia.
Monti, chamado para salvar a economia italiana, à beira do abismo, tomou medidas radicais que obrigaram aos cidadãos a assumir sacrifícios, mas não atacou os privilégios, principalmente da classe política, segundo analistas políticos.
O premiê demissionário da Itália, Mario Monti, discursa para diplomatas italianos nesta sexta-feira (21) em Roma (Foto: AP)
Panorama incertoA campanha para as legislativas de fevereiro já começou, mas o suspense deve durar até domingo, quando uma eventual candidatura de Monti pode ser anunciada.
Em uma Itália em recessão e ainda em risco de ser afetada por uma nova tempestade na zona do euro, Monti foi socilicitado com insistência para se candidatar nas legislativas à frente de uma coalizão que reunirá os ex-democratas cristãos e os laicos do Movimento pela Terceira República de Luca di Montezemolo, chefe da Ferrari.
Monti deve anunciar suas intenções na manhã de domingo em entrevista.
Mas os colunistas políticos que, dois dias antes, anunciaram com grande alarde a sua "descida" para a arena política eram muito mais discretos neste sábado.
Ele poderia ser um primeiro-ministro de "emergência", no caso de não haver uma clara maioria no Parlamento no final de fevereiro, ou ser eleito para a presidência para assumir o lugar de Napolitano, cujo mandato termina em meados de maio.
Monti tem ainda outras opções, como suceder Jean-Claude Juncker e tornar-se chefe das finanças da zona euro.
Monti recusou-se, segundo o jornal "La Stampa", a liderar a coalizão dos "moderados" e apresentará no domingo um "Memorando para o futuro da Itália" para defender a "cura amarga" da austeridade imposta à terceira economia da zona do euro e uma lista de "coisas para fazer".
Para Stefano Folli, um colunista do "Il Sole 24 Ore", Monti enfrenta "um dilema e obstáculos altos como montanhas", ele tinha a ambição de oferecer aos italianos "uma "revolução liberal na economia, um novo sentido de Estado e uma agenda para desempenhar um papel digno na Europa".
Mas os partidos que devem apoiar a Lista de Monti precisam fazer uma limpeza para apresentar apenas "candidatos limpos", um desafio difícil, dada a magnitude dos escândalos de corrupção que atingiram o centro e a direita nos últimos anos.
Outro problema: estar diretamente envolvido na corrida legislativa significaria para Mario Monti competir com Pier Luigi Bersani, líder da esquerda, o favorito para se tornar primeiro-ministro no final de fevereiro, com 30% a 35% das intenções de votos.
Também significaria enfrentar o seu antecessor Silvio Berlusconi, que está mais uma vez em campanha, desde início de dezembro, ocupando espaço na mídia e nas pesquisas.
Berlusconi havia se oferecido para liderar no lugar de Monti uma coalizão de centro-direita, que incluiria o PDL. Mas Monti não respondeu, disse Berlusconi.
A ruptura entre os dois é total, e o Cavaliere, sempre em forma aos 76 anos, levantou a voz contra as políticas do governo, submetido, segundo ele, aos ditames de uma Alemanha "hegemônica na Europa".
Outro fator desfavorável a uma candidatura de Monti: ele perderia a sua imagem de estadista acima dos partidos. No entanto, durante os 13 meses de seu mandato, manteve-se popular (em torno de 40%), apesar das duras medidas adotadas justamente por causa de sua neutralidade. Segundo uma pesquisa do instituto SWG realizada em 18 e 19 de dezembro e publicada neste sábado, 60% dos italianos se opõem a uma candidatura de Mario Monti.
E, de acordo com a mesma pesquisa, se for candidato, a nebulosa centrista ganhará apenas cinco pontos, passando de 9,4% para 15,4% dos votos. Provavelmente muito pouco para este que é acostumado a ser o primeiro da classe.
O ex-premiê italiano Silvio Berlusconi chega ao treino do Milan em 8 de dezembro em Milanello (Foto: AFP)
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