sábado, 1 de dezembro de 2012

História & Vestibular


Concílio do Vaticano II: Novos rumos para velhos dogmas
Posted: 29 Nov 2012 05:33 AM PST


O Concílio Vaticano II tentou manter o catolicismo sintonizado com um mundo que mudava vertiginosamente. Mas terá sido bem interpretado?
Rodrigo Coppe Caldeira

Até a década de 1960, o padre celebrava a missa em latim e de costas para os fiéis. Neste mesmo período, a Igreja Católica afirmou que a separação entre o Estado e a religião era um fruto positivo da filosofia moderna. Estas e outras profundas transformações abalaram alguns importantes alicerces em que a Igreja de Roma se baseou a partir do século XVI, com o Concílio de Trento (1545-1563). Era a crise da identidade tridentina, levada a termo com a realização do Concílio Vaticano II (1962-1965), o maior evento religioso do século passado, a 21ª grande reunião de bispos e alguns religiosos de todo o mundo com o intuito de discutir os rumos que a Igreja deve tomar.

A Igreja foi se isolando e se fechando desde o século XVI, primeiramente como reação ao cisma protestante, que adveio das inquietações teológicas de Martinho Lutero (1483-1546), e, posteriormente, ao pensamento liberal e à doutrina comunista. Tornava-se uma “fortaleza sitiada”, interpretando a emergência da modernidade como um grande mal que se abatia sobre o cristianismo. No século XIX e no início do XX, esta tendência foi reforçada ainda mais com os papas Gregório XVI (1831-1846), Pio IX (1846-1878) e Pio X (1903-1914), que lançaram inúmeras condenações contra os principais elementos da cultura moderna, ficando conhecida como ultramontana, “detrás os montes”, ou seja, referente àqueles que estão aquém dos Alpes, com Roma e apoiando todas as decisões do Sumo Pontífice. Porém, essa tendência passou a conviver com diferentes movimentos no seio do catolicismo que, ao contrário, defendiam uma Igreja capaz de dialogar com o mundo, mais aberta à participação do fiel em suas atividades, e que respondesse de forma mais plausível aos desafios do mundo.

Quando o Concílio Vaticano II foi convocado, o mundo já estava bem diferente daquele dos séculos anteriores: já vira duas grandes guerras, o surgimento do nazifascismo, a emergência e a consolidação de Estados comunistas por todo o mundo, a concretização das democracias liberais, o desenvolvimento dos meios de comunicação, a liberalização moral, o pluralismo religioso e a diminuição da influência das instituições religiosas na esfera pública. O Vaticano II foi a resposta da Igreja aos novos desafios colocados pelo novo mundo que surgia. Ou seja, uma grande tentativa de atualizar a Igreja – realizar seu aggiornamento, palavra em italiano que significa atualização, muito utilizada pelos bispos e religiosos participantes do concílio.

Disponível em:


O significado da produção de cacau na região amazônica no fim do período colonial - Livro
Posted: 29 Nov 2012 05:22 AM PST


A obra segue a trajetória da produção do cacau na Amazônia, destacando como a Companhia do Grão Pará teve um papel essencial para o desenvolvimento desta atividade comercial. O autor nos informa dos primeiros contatos do colonizador europeu com o cacaueiro e sua principal forma de utilização e beneficiamento, o chocolate, na América Central e em alguns países da América Latina, apontando como o cacau foi um elemento bastante significativo para o crescimento econômico da Amazônia Portuguesa. Após a descoberta da Mesoamérica, o cacau passa a ser comercializado em larga escala, principalmente na forma de bebida, além de suas sementes serem utilizadas como moedas em transações comerciais. Fala-nos ainda da negligência para com a área até o século XVII e das origens da exploração do cacau no local, além das utilidades dadas ao chocolate pelos europeus, como a prevenção de doenças, propriedades fortificadoras e energéticas e outras. Apesar dos estímulos governamentais à produção, o cacau silvestre imperava sobre o cultivado até o início do século XIX, principalmente pelas despesas e problemas com a mão-de-obra, visto ser o trabalho indígena, ainda predominante, relativamente escasso e inseguro, seja pelo risco de deserção ou hostilidade. Além disso, a precariedade do serviço marítimo era um fator dificultador, uma vez que tornava difícil o acesso a novos mercados consumidores, visto Portugal não ter adquirido inicialmente o hábito de consumir chocolate.
Não obstante, a partir de 1725 tem início a alta do cacau amazônico, e já em 1730 viria a ser o principal produto exportado pela região. É por volta deste período que surgem com mais força as rivalidades entre colonos e missionários. O então governador, além de resolver o conflito com a expulsão final dos jesuítas, também tenta solucionar os problemas antigos da produção de cacau (mão-de-obra e transporte), com a criação da Companhia do Grão-Pará e Maranhão. a Companhia não parece ter contribuído tão significativamente para o crescimento da produção do cacau, relacionado mais à diminuição das exportações venezuelanas do que a méritos propriamente seus, uma vez que o transporte marítimo permanecia insuficiente e a qualidade do produto amazônico ser inferior, visto o cacau manso nunca ter superado o cacau bravo. Mesmo assim, o cacau parece ter sido responsável pela “colonização da Amazônia”, principalmente a partir de Belém, onde encontrava-se o principal porto da região. Esta colonização e possível crescimento, porém, não significam necessariamente que a produção sempre rendeu bons frutos do ponto de vista social.
Compre o livro
Capa


Pagamento em espécie - Moedas de Troca na Amazônia
Posted: 29 Nov 2012 05:13 AM PST
Por mais de um século, as moedas vigentes na Amazônia colonial eram somente gêneros naturais, como cacau, cravo, algodão e gado
Alam José da Silva Lima

Durante boa parte do período colonial, a economia da região amazônica portuguesa não conheceu a moeda. Pelo menos, não em sua forma metálica, como circulava na metrópole e no restante do Brasil. No vasto Estado do Maranhão e Grão-Pará, eram os produtos agrícolas e animais que faziam o papel de moeda.
O Estado estava administrativamente separado do Brasil desde 1621, e era formado pelas capitanias reais do Maranhão, do Pará e do Piauí, além das capitanias privadas de Tapuitapera (Maranhão), Caeté (Gurupi/Maranhão), Cametá (Pará) e Ilha Grande de Joanes (Ilha do Marajó/Pará). Mas só a partir de 1640, quando terminou a União Ibérica e Portugal recuperou sua independência da Espanha [ver artigo XXX na p. 34], começou a se desenvolver na região o costume da utilização de gêneros naturais como moeda.
A capitania do Pará utilizava cacau, cravo, salsa e açúcar como moedas. No Maranhão, utilizava-se o algodão em panos e rolos. No Piauí, a principal moeda era o gado das muitas fazendas, que, além de abastecer o mercado regional, seguia para outras capitanias do Estado do Brasil, como a Bahia. Com essas “moedas” variadas eram pagos os víveres necessários à sobrevivência dos moradores, os dízimos à Coroa, as despesas com a defesa do Estado, militares, religiosos e a administração colonial.



D. Pedro II, quem explica?
Posted: 29 Nov 2012 05:24 AM PST
Monarca republicano, imperador cidadão, abolicionista num país escravocrata, intelectual num mar de analfabetos. Interprete-o a gosto
Lorenzo Aldé

Legítimo descendente das mais nobres dinastias monárquicas europeias, D. Pedro II acreditava mesmo era no regime republicano. Imperador desde os cinco anos de idade, era fã da democracia. Abolicionista declarado, viu seu país ser o último a acabar com a escravidão nas Américas. À frente de uma nação com 80% de analfabetos, seria para sempre lembrado por sua dedicação à Educação. Conhecido como “rei filósofo”, não nos legou qualquer produção intelectual ou artística própria. Contido e comedido, avesso aos “tristes negócios da política”, logrou garantir a estabilidade política e a unidade nacional diante de pressões diversas, sobressaindo-se pela atuação segura na maior guerra que o Brasil já enfrentou.
Como é possível que uma das figuras mais marcantes e conhecidas de nossa História permaneça associada a tamanhas contradições? Nem os mais eficientes estudos e biografias são suficientes para desfazer essa impressão: D. Pedro II é, sobretudo, um personagem incompreendido. Ou compreendido apenas em parte. Juntar seus pedaços significa esbarrar, sempre, em grandes enigmas.
Para as almas que só se aquietam diante de consensos, pode ser agradável concluir que o imperador foi um governante querido e respeitado de forma quase unânime em seu tempo. Mas sempre há quem conteste o consenso. Em 1925, em meio aos festejos laudatórios em torno do centenário de D. Pedro II, o ainda jovem sociólogo Gilberto Freyre (1900-1987) fez uma conferência pública dedicada a demolir o mito. Em suas palavras, o Império teria sido um “período melancolicamente virtuoso”. Culpa do imperador, responsável por implantar entre nós uma “ditadura da moralidade, com suas preocupações de marcar a lápis azul o estadista que tinha amante, o senador que bebia, o político que jogava”. Não é de estranhar que Freyre – cuja obra enalteceria a miscigenação que forjou no Brasil uma cultura inédita no mundo – se incomodasse com os modos excessivamente europeizados do imperador. Figura impávida e inatacável, afeita mais às letras e às ciências do que ao contato social, mais às leis e às normas do que às relações afetivas e parentais, D. Pedro II contrariava a brasilidade festiva e manemolente enaltecida por Freyre. Seus valores puritanos seriam alienígenas à cultura nacional, como “um pastor protestante a oficiar em catedral católica”.
Herança do Império
Enquanto o imperador valorizava alguns ideais republicanos, nossa República bebeu da tradição monárquica
Rodrigo Elias
A estátua equestre do marechal Deodoro, no Centro do Rio de Janeiro, dá um ar triunfal à República de 15 de Novembro. Não é uma cena violenta: o experiente militar não empunha espada nem está em batalha. Imponente, acena para o povo com seu quepe. A base da estátua, verdadeiro colosso, cria uma imagem sólida e perene para o regime. A consolidação da República, entretanto, se deu de outra maneira.
Nossos dois primeiros presidentes foram militares. E nenhum dos dois era republicano, em qualquer sentido que se possa atribuir ao termo. O alagoano Manuel Deodoro da Fonseca (1827-1892), veterano da Guerra do Paraguai, monarquista convicto e amigo do imperador, não pensava em derrubar o regime – muito menos em ser presidente. Tratava-se, naquela ocasião, de derrubar o gabinete liberal do visconde de Ouro Preto, durante o contexto da chamada Questão Militar: republicanos que se aproximaram de Deodoro espalharam a falsa notícia de que o ministro ordenara sua prisão. Mas a decisão do líder militar de extinguir a monarquia decorreu da informação de que outro político liberal, o gaúcho Gaspar da Silveira Martins, seu inimigo pessoal (por um típico caso de rabo de saia), assumiria o novo gabinete. Assim, por motivos nada republicanos, decretou-se a República.
O primeiro desafio, portanto, foi fazer com que ela vingasse. A família imperial foi banida (na calada da noite), uma Constituição redigida e promulgada (em 1891) e, formalmente, instaurada uma descentralização administrativa. Apenas formalmente: embora a Constituição assegurasse o federalismo, os governos locais não podiam entrar em contradição com o governo central. A República nasceu, na prática, sob ditadura militar. Que o digam os que esboçaram oposição durante o segundo período presidencial (1891-1894), sob a mão de ferro do marechal Floriano Peixoto, alagoano como Deodoro: censura à imprensa, perseguição política, prisões, execuções.

Nenhum comentário:

Postar um comentário