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Um mapa da exclusão social na Idade Média
Posted: 10 Apr 2013 03:03 AM PDT
Não foram apenas as condições sociais de pobreza e miséria que excluíram pessoas e grupos na Idade Média. Além dos servos, camponeses e trabalhadores pobres, as mulheres, as crianças, os doentes, os imigrantes, os hereges e os judeus também compartilhavam da exclusão social.
Algumas reflexões sobre as mulheres na Idade Média
O domínio que a sociedade ou os homens exerceram sobre as mulheres no processo histórico será compreendido no decorrer deste conteúdo estruturante. Na Idade Média, também ocorreram estas relações de dominação; as mulheres estavam submetidas à autoridade do pai ou do marido e tinham como destino certo o casamento, senão com um esposo escolhido pelo pai, num acordo de negócios, com Cristo, ao ser enviada para algum convento (era comum dizer que freiras tornavam-se esposas de Cristo).
As mulheres mais pobres realizavam o trabalho nas lavouras ou nas oficinas de artesãos para o sustento da família. Já as mulheres nobres eram educadas para o matrimônio e a maternidade. A Igreja Católica dava o suporte ideológico para a manutenção da submissão feminina. Quando conveniente, os representantes da Igreja consideravam a mulher responsável pelas desgraças ocorridas na sociedade, chegavam a responsabilizá-la pelo “pecado original” da humanidade, referindo-se à sedução de Adão por Eva no Jardim do Éden.
Dificilmente a historiografia tradicional demonstrou manifestações de resistência das mulheres à condição de dominação a que estavam submetidas na Idade Média. Porém, as mulheres estiveram presentes; a necessidade de conquistar igualdade e dignidade era comum a
todos os que viviam em condição de exclusão social. Para as mulheres,
além da luta pela condição social, estava a luta pelo respeito e reconhecimento de sua identidade.
Veja este fragmento do conto Yvain, de Chrétien de Troyes (1135-1183), escrito por volta de 1180, sobre as tecelãs de seda, na Inglaterra:
Algumas reflexões sobre os hereges da Idade Média
A Igreja Católica exerceu influência política e cultural durante a Idade Média e foi criticada de várias formas por sua concentração de riquezas. O surgimento de grupos heréticos e ordens mendicantes como os franciscanos e os dominicanos, na Europa ocidental, a partir do século XII, podem ser compreendidos também como movimentos de resistência às imposições e concentração de poder em nome da Igreja.
Qualquer grupo que defendesse ideias contrárias às ideias “oficiais” do papa e do alto clero, ou às posições dogmáticas da Igreja, seria considerado herege. Entre os principais grupos estão os albigenses e os valdenses.
Os albigenses, da cidade de Albi, na França, defendiam a existência de uma igreja a favor dos pobres e excluídos e sem concentração de riquezas, especialmente terras. Criticavam luxo em que vivia o alto clero e sua influência política.
Os valdenses, dispersos em várias regiões da Europa ocidental, defendiam a pobreza, a oração e a penitência como forma de aproximação entre o homem e Deus.
Além das críticas contra a riqueza e postura moral da Igreja, os hereges, em alguns momentos, tentaram, por meio de saques, dividir os seus bens. Para reprimir estes movimentos, a Igreja criou, entre o século X e XI, o Tribunal da Inquisição e as cruzadas.
As cruzadas são mais conhecidas por suas lutas contra judeus e muçulmanos, nas terras da Palestina, mas também ocorreram cruzadas internas contra cidades de hereges, como o caso da cidade de Albi. Nos tribunais havia julgamento e condenação, normalmente em fogueiras, para promover a purificação da alma.
Os judeus que viviam na Europa Ocidental, em regiões predominantemente católicas, foram perseguidos, excluídos em nome de suas tradições e religião. Ficavam restritos às periferias das cidades, eram obrigados a usar um símbolo, uma marca e o som de uma matraca denunciava os caminhos que faziam. Eram responsabilizados pela morte de animais, por catástrofes naturais como secas e enchentes. Eram comparados às mulheres que preparavam remédios de ervas, e, por isso, acusados de bruxaria. Para fugir da morte na fogueira, muitos judeus juravam o cristianismo e passavam a ser tratados como cristãos-novos.
Algumas reflexões sobre os doentes na Idade Média
Havia um ditado popular na Idade Média: “depois da fome, a peste come”. O que demonstrava como as doenças poderiam provocar uma catástrofe social. Os pobres, pela alimentação e moradias precárias, eram as primeiras vítimas das doenças que, além de enfrentá-las, tornavam-se também vítimas do abandono, da indiferença e da exclusão do convívio em sociedade.
As doenças que mais provocavam estas reações, entre outras, foram a peste negra e a hanseníase. Porém, qualquer doente, ferido ou portador de necessidades especiais, era considerado, nas sociedades europeias da Idade Média, um pecador. Seu sofrimento era explicado como consequência da vontade de Deus para a remissão de seus pecados e como não podia conviver entre os sãos, era expulso para os
arredores das cidades, em leprosários (locais onde eram segregados os
portadores de doenças da pele, inclusive a hanseníase) ou hospitais (que funcionavam mais como estalagens). Mesmo quando resistiam à imposição de viver nos arredores e retornavam às cidades ou vilas, para esmolar, eram perseguidos por sinos ou tambores e apedrejados.
A hanseníase
A hanseníase (popularmente chamada de lepra) é uma doença reconhecida desde as civilizações da antiguidade. Existem relatos bíblicos, que datam de 2.000 a.C., descrevendo sua ocorrência.
Mas o que é realmente este mal? É uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium leprae, uma bactéria que afeta a pele e os nervos. É conhecida também como mal de Hansen, do nome de Gerhard Henrick Armauer Hansen (1841-1912), cientista norueguês que, em 1874, identificou o agente causador da doença.
Normalmente manifesta-se por manchas na pele, mas não provocam dor,
pois a bactéria afeta os neurotransmissores desta função. Apresenta-se
em quatro formas clínicas: indeterminada, tuberculoide, dimorfa e virchowiana. Estas duas últimas formas clínicas são as contagiantes, embora o contágio possa se manifestar entre 02 a 20 anos. Estima-se, segundo recentes pesquisas da Organização Mundial de Saúde (OMS), que mais de 10 milhões de pessoas no mundo sejam portadoras da hanseníase.
Esta doença foi trazida ao Brasil pelos colonizadores portugueses, no século XVI. Seu tratamento e erradicação tornaram-se nas décadas de 1990 e 2000, uma prioridade para a saúde pública, pois nosso país está em 4º lugar na incidência dos casos. O tratamento é a base de anti-bióticos numa poliquimioterapia. A prevenção, para algumas formas, se faz por meio da vacina BCG.
A hanseníase deixou como consequência, em vários momentos da História da humanidade, a exclusão do convívio social, separando os doentes dos saudáveis. Veja as considerações de um historiador sobre esta doença na Idade Média:
Chamava-se lepra a muitas doenças. Toda erupção pustulenta, a escarlatina, por exemplo, qualquer afecção cutânea passava por lepra. Ora, havia, com relação à lepra, um terror sagrado: os homens daquele tempo estavam persuadidos de que no corpo reflete-se a podridão da alma. O leproso era, só por sua aparência corporal, um pecador. Desagradara a Deus e seu pecado purgava através dos poros. Todos acreditavam, também, que os leprosos eram devorados pelo ardor sexual. Era preciso isolar esses bodes. A peste negra
Já a peste negra, em 1348, foi responsável pela morte de um terço da população européia. A doença pode ter sido trazida por comerciantes vindos do oriente e por corpos contaminados jogados no Mar Mediterrâneo.
A estrutura de saneamento urbano – muito precária nas cidades europeias que inchavam com o renascimento urbano, por volta do século XIV – e os celeiros que guardavam cereais nos campos colaboraram para a proliferação de ratos e a disseminação da doença. As pulgas dos ratos carregam o bacilo Yersinia pestis, causador da peste, e estes, quando contaminados por meio das suas fezes, saliva ou urina, são os vetores, ou seja, os condutores que transmitem a doença, podendo causar uma epidemia.
Ainda hoje, apesar da descoberta de tratamento, existem focos da doença em regiões de pouca estrutura e falta de tratamento do lixo urbano. No Brasil, nunca ocorreu uma epidemia de peste negra, mas ela foi detectada, especialmente em 1899, nas cidades portuárias do país. O médico e cientista brasileiro Adolfo Lutz (1855-1940), no início do século XX, conseguiu controlar a doença na cidade de Santos, combatendo a população de ratos. Atualmente, os focos da doença concentram-se nas regiões nordestinas.
Os homens medievais que presenciaram a peste detectavam-na pelas infecções pulmonares (peste pneumônica), ínguas ou bubões (peste bubônica) próximos aos gânglios e manchas vermelhas ou feridas na pele. Entre os principais sintomas, identificavam febre alta e paralisação de alguns órgãos, especialmente os rins. O contágio poderia ocorrer em algumas situações de contato com os roedores ou com outras pessoas já contaminadas. Isto permitiu o surgimento de algumas medidas, que acreditavam poder controlar a doença: aspersão do dinheiro ou de cartas com vinagre, desinfecção de roupas e casas com enxofre ou perfume forte, colocação de balcões entre vendedores e compradores, uso de espátulas para distribuir a comunhão nas missas, uso de luvas e capas pelos médicos, entre outras que mantinham a distância e isolamento de pessoas.
Um dos maiores relatos da peste em Florença, na Itália, no ano de 1348, está no livro Decameron, escrito em 1353 pelo escritor italiano Giovanni Boccaccio (1313-1375). É uma obra importante na literatura medieval, porque seu estilo em prosa testemunha o teocentrismo da época e acena para as primeiras mudanças renascentistas que valorizariam o antropocentrismo. Nesta obra, personagens narram a ocorrência e as consequências da peste negra em Florença com realismo e licenciosidade. Isto trouxe a Boccaccio a censura da Igreja Católica.
Leia um fragmento da obra Decameron:
O desastre lançara tanto pavor no coração dos homens e das mulheres que o irmão abandonava o irmão, o tio o sobrinho, a irmã o irmão, amiúde mesmo a mulher o marido. E o que é mais forte e quase inacreditável: os pais e as mães, como se seus filhos não mais lhes pertencessem, evitavam vê-los e ajudá-los.
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Imperialismo - Neocolonialismo - Século XIX
Posted: 01 Apr 2013 07:24 PM PDT
Raízes do Imperialismo
As raízes do imperialismo estão no século XIX, mas seu auge se encontra no inicio do século XX. O imperialismo representou a ação das grandes potências mundiais de sua época (Inglaterra, França, Alemanha, Rússia, EUA e Japão) sobre as regiões menos desenvolvidas (Ásia, África e América) com a finalidade de controlar o mercado e a economia destas regiões.
O Imperialismo
O interesse dos imperialistas era de controlar as fontes de matérias-primas (petróleo, carvão, minérios, etc.). Fato que acirrou as diferenças entre a indústria formada pelos cartéis e a indústria independente.
Outro fator determinante para o surgimento do capitalismo imperialista foi o que diz respeito ao monopólio bancário.
Os bancos, inicialmente empresas intermediárias (que faziam intermediação entre a indústria e o comércio), tornaram-se monopolistas do capital financeiro (dinheiro) disponível.
Também é importante entendermos que o monopólio teve origem no colonialismo. Ao conquistar um novo território, as nações imperialistas (Inglaterra, França, Alemanha, Rússia, EUA e Japão) pretendiam ter o controle total das matérias primas e do comércio da região conquistada.
Porém, a criação desta estrutura de controle comercial e industrial pôs fim à livre concorrência, surgindo assim, o monopólio. Os monopólios possuem uma tendência natural para a dominação, portanto, puseram fim na liberdade de mercado. As nações ricas – Inglaterra, França, Alemanha, EUA e Japão - dominaram e exploraram um número cada vez maior de nações pequenas. Esses fatores determinaram o surgimento do imperialismo.
Os Cartéis e os Trustes
Os cartéis, formados pelas principais indústrias e bancos das nações ricas, repartiram os mercados entre si, passando a determinar o que, quanto, quando e quem deve fabricar. Fixando preços e repartindo os lucros entre suas empresas.
Alguns cartéis chegavam a dominar de 70% a 80% da produção de determinados produtos. A superioridade dos trustes em comparação às empresas independentes se fazia clara na grande diferença tecnológica. Enquanto a maior parte das indústrias independentes possuía maquinários rudimentares, os cartéis iam aprimorando cada vez mais sua produção, substituindo gradualmente a produção manufatureira (feita à mão) pela produção mecânica.
Estas diferenças foram caracterizando os anos que se passaram. A concorrência foi gradualmente se transformando em monopólio.
Os trustes e os cartéis passaram a controlar as principais jazidas de minérios e matérias-primas do mundo (principalmente na Ásia, na África e na América). A partir disso passaram a dominar a distribuição destes materiais, assim como controlavam a industrialização dos produtos oriundos destas matérias-primas.
O controle das grandes indústrias se refletiu no monopólio das matérias-primas e da mão-de-obra (através de acordos com os sindicatos). Os trustes e cartéis controlavam os meios de transporte e determinavam o fechamento de mercados que não interessavam mais. Também criaram políticas de baixa de preços para eliminar com a concorrência independente (que não fazia parte dos trustes/cartéis). Não se trata mais de livre concorrência, mas de extermínio daqueles que não se submetem aos cartéis.
O Auge do Imperialismo
As políticas imperialistas não tardaram em acirrar as rivalidades entre as potências europeias da década de 1910.
Quanto mais a economia alemã crescia, mais sua rivalidade com a Inglaterra era ampliada. Por outro lado, desde a Guerra Franco-Prussiana de 1870, alemães e franceses rivalizavam pelo território da Alsácia-Lorena.
Nesta época, a Belle Epóque, ocorria a Paz Armada onde as grandes potências mundiais realizavam uma corrida bélica, porém, sem que existisse uma guerra declarada. As nações se armavam, investiam em tecnologia militar, mas sem que existisse um conflito.
Para garantir mercado consumidor aos seus produtos, a Alemanha forjou uma aliança política-econômica-militar com o Império Austro-Húngaro, com a Itália e com o Império Turco-Otomano, porém, o grupo logo teria a saída dos italianos, pressionados pelos ingleses. O grupo liderado pelos alemães foi batizado de Tríplice Aliança.
Com isso, nos mesmos moldes, Inglaterra e França, inimigas históricas, se uniram à Rússia na Tríplice Entente.
O cenário para a guerra estava armado, faltava que alguém iniciasse o conflito.
Assim, em julho de 1914, o arquiduque austríaco Francisco Ferdinando, herdeiro do trono do império austríaco, em visita à Sérvia, foi assassinado por um radical bósnio. Tal fato levou o imperador austríaco a declarar guerra à Sérvia.
Como a Rússia era aliada dos sérvios, posicionou-se ao lado destes contra a Áustria, o que levou os alemães a alinharem-se aos seus parceiros austríacos. Era o início da Primeira Guerra Mundial.
Conclusão
É inegável o avanço tecnológico proporcionado pelo desenvolvimento de uma indústria potente como a surgida a partir das políticas imperialistas. Porém, estas políticas resultaram numa desigualdade econômica como nunca antes fora vista. As diferenças entre as nações ricas do G-8 atual (EUA, Canadá, França, Inglaterra, Alemanha, Itália, Japão e Rússia) e as nações do chamado Terceiro Mundo são gritantes.
Aquilo que foi semeado naquela época nos traz reflexos negativos até os nossos dias. Como por exemplo: os problemas ecológicos (desmatamento, poluição, etc.) e de má distribuição de renda, são reflexos destas políticas.
Também devemos lembrar que a natureza é uma criação divina e, portanto, não pertence a uma única pessoa ou a um único grupo e que ao homem coube o papel de administrar esta natureza de forma que não a elimine, mas que zele por ela, preservando-a e conservando-a.
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O Império Bizantino
Posted: 28 Mar 2013 11:07 PM PDT
No ano de 395, Teodósio divide o Império Romano em duas partes: o lado ocidental passa a ser designado por Império Romano do Ocidente, com capital em Roma; o lado oriental passa a ser Império Romano do Oriente com capital em Bizâncio ( uma antiga colônia
grega). Quando o imperador Constantino transferiu a capital de Roma
para a cidade de Bizâncio, ela passou a ser conhecida como Constantinopla.
A Era de Justiniano (527/565)
Justiniano foi um dos mais famosos imperadores bizantinos. Seu reinado corresponde ao apogeu do Império Bizantino. Em seu reinado destacam-se:
Justiniano foi também um grande legislador e responsável pela elaboração do Corpus Juris Civilis (Corpo do Direito Civil), que estava assim composto:
Com a morte de Justiniano, o Império Bizantino inicia sua decadência.
Entre os séculos VII e VIII os árabes conquistam boa parte do Império
Bizantino e em 1453 os turcos ocupam a capital - Constantinopla.
A Cultura Bizantina
O povo bizantino era muito religioso e exerciam os debates teológicos. Muitas questões teológicas foram discutidas, destacando-se:
Nas artes, os bizantinos destacaram-se na Arquitetura:
Construção de fortalezas, palácios, mosteiros e igrejas. A mais exuberante das igrejas foi a Igreja de Santa Sofia, construída no reinado de Justiniano. A característica da arquitetura bizantina era o uso da cúpula.
Os bizantinos também se destacaram na arte do mosaico, utilizados na representação de figuras religiosas, de políticos importantes e na estilização de plantas e animais.
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Império Árabe - Islamismo
Posted: 28 Mar 2013 11:06 PM PDT
Os árabes possuem uma história que pode ser dividida em dois períodos: pré-islâmico e islâmico.
Período Pré-islâmico
Caracterizado pela ausência de unidade política (ausência de Estado) e pela divisão dos árabes em dois grupos: os beduínos ou árabes do deserto e os árabes da cidade.
Nesta época, os árabes eram politeístas. Segundo as tradições, os ídolos adorados pela tribos ficavam na CAABA, santuário situado na cidade de Meca. Na Caaba, existia também a Pedra Negra, adorada por todos pois, de acordo com as tradições caiu do céu, sendo um presente dos deuses. Devido ao santuário e à Pedra Negra, Meca tornou-se o principal centro religioso e também o mais importante centro comercial dos árabes.
Período Islâmico
Marcado pela revolução religiosa patrocinada por Maomé. Aos 40 anos de idade teve uma revelação, através do anjo Gabriel que lhe disse: "só há um único Deus, que é Alá, e Maomé é o seu único profeta". À partir deste momento, Maomé começa a pregação de uma nova religião: o Islamismo.
O Islamismo
O conteúdo básico da doutrina islâmica está resumido nas seguinte regras essenciais:
Destacam-se também a proibição de ingestão de bebidas alcoólicas, proibição de comer carne de porco e severa punição ao roubo.
Durante a pregação da nova religião, Maomé foi perseguido e quase assassinado. Fugiu de Meca para Yatreb ( depois Medina )-episódio conhecido como Hégira, que marca o início do calendário muçulmano. Para evitar uma maior oposição às novas idéias religiosas, Maomé manteve o santuário da Caaba e a Pedra Negra, agora como um presente do anjo Gabriel.
Todos os princípios religiosos do Islamismo estão contidos no livro sagrado chamado Alcorão. Há um outro livro importante, denominado Suna, que contém relatos da vida e ensinamentos do profeta Maomé.
Com a morte de Maomé a religião islâmica divide-se em seitas, sendo que as principais são:
A Expansão Islâmica
Com a introdução do monoteísmo, Maomé lançou as bases da criação de um Estado Teocrático, ou seja, as leis religiosas pesam mais que as leis humanas. Este Estado era governado por Califas (os sucessores) que contribuíram para a expansão territorial muçulmana.
Dentre os fatores para a expansão destacam-se:
A expansão Islâmica ocorreu em três momentos:
Após esta divisão, do mundo Islâmico será constante até que no ano de 1258 Bagdá será destruída pelos mongóis.
As Consequências da Expansão
A expansão árabe representou um maior contato entre as culturas do Oriente e do Ocidente. No aspecto econômico a expansão territorial provocará o bloqueio do mar Mediterrâneo, contribuindo para a cristalização do feudalismo europeu, ao acentuar o processo de ruralização e fortalecendo a economia de consumo.
A Cultura Islâmica
Literatura: poesias épicas e fábulas. Destaque para os contos de aventuras, como As Mil e uma Noites.
Ciências: muito práticos os árabes aplicaram o raciocínio lógico e o experimentalismo. Desenvolveram a Matemática ( álgebra e trigonometria ), a Química ( alquimia ), Medicina ( sendo Avicena o grande nome ) e a Filosofia ( estudo de Aristóteles ).
Artes: a grande contribuição foi no campo da Arquitetura, com construção de palácios e de Mesquitas. Na Pintura, dado a proibição religiosa de reproduzir a figura humana, houve o desenvolvimento dos chamados arabescos.
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Os Reinos Bárbaros
Posted: 28 Mar 2013 11:08 PM PDT
Para os romanos, "bárbaro" era todo aquele povo que não possuía uma cultura greco-romana e que, portanto, não vivia sob o domínio de sua civilização. Os bárbaros que invadiram e conquistaram a parte ocidental do Império Romano eram os Germânicos, que viviam em um estágio de civilização bem inferior, em relação aos romanos. Eles não conheciam o Estado e estavam organizados em tribos. As principais tribos germânicas que se instalaram na parte ocidental de Roma foram:
Os Germânicos não conheciam o Estado, vivendo em comunidades tribais - cuja principal unidade era a Família. A reunião de famílias constituía um Clã e o agrupamento de clãs formava a Tribo.
A instituição política mais importante dos povos germânicos era a Assembléia de Guerreiros, responsável por todas as decisões importantes e chefiada por um rei ( rei que era indicado pela Assembléia e que, por isto mesmo, controlava o seu poder ). Os jovens guerreiros se uniam - em tempos de guerra - a um chefe militar por laços de fidelidade, o chamado Comitatus.
A sociedade germânica era assim composta:
Economicamente, os germânicos viviam da agricultura e do pastoreio. O sistema de produção estava dividido nas propriedades privadas e nas chamadas propriedades coletivas (florestas e pastos).
A religião era politeísta e seus deuses representavam as forças da natureza.
O contato entre Roma e os bárbaros, a princípio, ocorreu de forma pacífica até meados do século IV. À partir daí, a penetração germânica deu-se de forma violenta, em virtude da pressão dos hunos. Também contribuíram para a radicalização do contato: crescimento demográfico entre os germanos, a busca por terras férteis, a atração exercida pelas riquezas de Roma e a fraqueza militar do Império Romano.
Entre os povos germânicos, os Francos são aqueles que irão constituir o mais importante reino bárbaro e que mais influenciarão o posterior desenvolvimento europeu.
O Reino Franco
A história do Reino Franco desenvolve-se sob duas dinastias:
- Dinastia dos Merovíngios ( século V ao século VIII ) e
- Dinastia dos Carolíngios ( século VIII ao século IX ).
Os Merovíngios
O unificador das tribos francas foi Clóvis ( neto de Meroveu, um rei lendário que dá nome a dinastia). Em seu reinado houve uma expansão territorial e a conversão dos Francos ao cristianismo. A conversão ao cristianismo foi de extrema importância aos Francos - que passam a receber apoio da Igreja Católica; e para a Igreja Católica que terá seu número de adeptos aumentado, e contará com o apoio militar dos Francos.
Com a morte de Clóvis, inicia-se um período de enfraquecimento do poder real, o chamado Período dos reis indolentes. Neste período, ao lado do enfraquecimento do poder real haverá o fortalecimento dos ministros do rei, o chamado Mordomo do Paço (Major Domus). Entre os Mordomos do Paço, merecem destaque:
A Batalha de Poitiers representa a vitória cristã sobre o avanço muçulmano na Europa. Após esta batalha, Carlos Martel ficou conhecido como "o salvador da cristandade ocidental".
Os Carolíngios
Dinastia iniciada por Pepino, o Breve. O poder real de Pepino foi legitimado pela Igreja, iniciando-se assim uma aliança entre o Estado e a Igreja - muito comum na Idade Média, bem como o início de uma interferência da Igreja em assuntos políticos.
Após a legitimação de seu poder, Pepino vai auxiliar a Igreja na luta contra os Lombardos. As terras conquistadas dos Lombardos foram entregues à Igreja, constituindo o chamado Patrimônio de São Pedro. A prática de doações de terras à Igreja irá transformá-la na maior proprietária de terras da Idade Média.
Com a morte de Pepino, o Breve e de seu filho mais velho Carlomano, o poder fica centrado nas mãos de Carlos Magno.
O Império Carolíngio
Carlos Magno ampliou o Reino Franco por meio de uma política expansionista. O Império Carolíngio vai compreender os atuais países da França, Holanda, Bélgica, Suiça, Alemanha, República Tcheca, Eslovênia, parte da Espanha, da Áustria e Itália.
A Igreja Católica, representada pelo Papa Leão III, vai coroá-lo imperador do Sacro Império Romano, no Natal do ano 800.
O vasto Império Carolíngio será administrado através das Capitulares, um conjunto de leis imposto a todo o Império. O mesmo será dividido em províncias: os Condados, administrados pelos condes; os Ducados, administrados pelos duques e as Marcas, sob a tutela dos marqueses. Condes, Duques e Marqueses estavam sob a vigilância dos Missi Dominici - funcionários que em nome do rei inspecionavam as províncias e controlavam seus administradores. Os Missi Dominici atuavam em dupla: um leigo e um clérigo.
No reinado de Carlos Magno a prática do benefício (beneficium) foi muito difundida, como forma de ampliar o poder real. Esta prática consistia na doação de terras a quem prestasse serviços ao rei, tendo para com ele uma relação de fidelidade. Quem recebesse o benefício não se submetia à autoridade dos missi dominici. Tal prática foi importante para a fragmentação do poder nas mãos de nobres ligados à terra em troca de prestação de serviços - a origem do FEUDO.
Na época de Carlos Magno houve um certo desenvolvimento cultural, o chamado Renascimento Carolíngio, caracterizado pela promoção das atividades culturais, através da criação de escolas e pela vinda de sábios de várias partes da Europa, tais como Paulo Diácono, Eginardo e Alcuíno - monge fundador da escola palatina.
Este "renascimento" contribuiu para a preservação e a transmissão de valores da cultura clássica ( greco-romana ). Destaque para a ação dos mosteiros, responsáveis pela tradução e cópia de manuscritos antigos.
Decadência do Império Carolíngio
Com a morte de Carlos Magno, em 814, o poder vai para seu filho Luís, o Piedoso, o qual conseguiu manter a unidade do Império. Com a sua morte, em 841, o Império foi dividido entre os seus filhos. A divisão do Império ocorreu em 843, com a assinatura do Tratado de Verdun estabelecendo que:
Após esta divisão, outras mais ocorrerão dentro do que antes fora o Império Carolíngio. Estas divisões fortalecem os senhores locais, contribuindo para a descentralização política que, somada a uma onda de invasões sobre a Europa, à partir do século IX (normandos, magiares e muçulmanos) contribuem para a cristalização do feudalismo.
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Feudalismo
Posted: 14 Apr 2013 11:42 PM PDT
“Antes do Capitalismo”
Não é
verdadeiro esse papo de que os homens e as mulheres sempre foram doidos
pra lucrar e enriquecer. Foi a sociedade capitalista que criou esse
bando de gente que só pensa em grana e não hesita em massacrar os outros
por causa do dinheiro. Acontece que o capitalismo tem apenas alguns
séculos de existência. Antes de ele surgir, na Europa ocidental, havia
um outro tipo de sociedade, na qual investir e acumular capital não eram
sequer imaginados. Ninguém sonhava que um dia consumir e consumir seria
a suprema glória da existência humana.
Estamos
falando da sociedade feudal. O capitalismo vai nascer e se desenvolver
exatamente dentro do feudalismo. Portanto, conhecer o funcionamento do
modo de produção feudal nos ajuda a conhecer as origens do capitalismo.
“Como surgiu o feudalismo”
O
feudalismo nasceu depois que o império Romano virou picadinho por causa
das invasões bárbaras no século V. Entretanto, os invasores bárbaros não
liquidaram completamente a civilização romana. Na verdade, as novas
sociedades que surgiram na Europa foram o resultado da mistura de
elementos da sociedade romana com elementos da sociedade dos invasores
germânicos.
“O Feudalismo”
Para
entender o feudalismo, temos que lembrar que a história existe mesmo. O
que queremos dizer com isso? Que a economia funcionava de um modo
totalmente diferente de hoje, quando vivemos num mundo capitalista.
Lembre bem, no feudalismo investir e lucrar não eram os objetivos
econômicos.
A sociedade
feudal era basicamente rural. Isso quer dizer que quase todas as
pessoas viviam no campo. O trabalho na agricultura era pesado e
cansativo, mas os trabalhadores camponeses ficavam com poucos frutos. O
motivo ‚ que as terras pertenciam a uns poucos privilegiados, os
nobres.
Os nobres,
também chamados de senhores feudais, eram proprietários do feudo. Eles
tinham uma vida mansa. Moravam no castelo, não trabalhavam nem um pouco e
passavam boa parte do dia se empanturrando de comida e bebida. Usavam
boas roupas, gostavam de ouvir a música dos trovadores e eram grandes
guerreiros, utilizando pesadas armaduras no campo de batalha. É claro
que essa mordomia toda só era possível porque o senhor feudal (o nobre)
vivia à custa do trabalho dos servos.
Os servos
não eram escravos, pois não pertenciam aos nobres. Não podiam ser
vendidos para outro senhor feudal. Mas também não eram livres a ponto de
ir procurar emprego onde quisessem. Portanto, ainda não existiam
anúncios classificados na porta dos castelos. Os camponeses servos
tinham direito a usar um pedaço de terra do feudo para cultivar para si e
para criar alguns animais. Observe que o senhor feudal não fazia nenhum
investimento, e até mesmo os instrumentos de trabalho (foices,
machados, ancinhos,bois para movimentar o arado) pertenciam aos servos.
No final, os servos acabavam ficando apenas com uma parte do que haviam
produzido, pois deviam muitas obrigações feudais ao nobre. Vida dura, a
dos servos. trabalhavam como mulas e, sempre ameaçados pelo fantasma da
fome, dormiam perto do chiqueiro e acordavam com os bichos.
O feudo
era, antes de tudo, uma grande propriedade rural, um latifúndio. O
trabalho era todo realizado pelos servos. Eles tinham que cultivar a
área senhorial ( de 30% a 40% da área total do feudo). Havia ainda as
terras comunais, utilizadas tanto pelo senhor (por intermédio do
trabalho dos servos domésticos quanto pelos camponeses. Essa área servia
de pastagem a animais, colheita de frutas e madeira e era exclusiva
para a caça do nobre.
O senhor
feudal morava em seu castelo, em geral um confortável casarão de
madeira. Só no apogeu do feudalismo, e pertencentes a grandes senhores,
que os castelos seriam de pedra. Os camponeses moravam mesmo em barracos
de barro e palha, pulguentos e gelados. Sem televisão para fazer
esquecer a própria miséria.
A economia
do feudo tendia a ser de subsistência, ou seja, o feudo geralmente
produzia apenas para a sobrevivência das pessoas que viviam nele. A
produtividade era baixa e por isso sobrava pouco para comerciar. O que
nos leva a concluir que o comércio e as cidades (que dependem da comida
produzida no campo) eram pouco desenvolvidos.
“As obrigações feudais”
Os senhores
feudais exploravam descaradamente os servos. Aparentemente, havia uma
comunidade entre eles (e não um contrato assinado, como há no
capitalismo): os servos trabalhavam enquanto o senhor lhes dava proteção
em caso de guerra e abrigo em caso de calamidade. Na prática havia
mesmo ‚ coerção: o nobre tinha a seu serviço um bando de cavaleiros
mal-encarados e armados até os dentes, prontos para meter a espada no
servo desdentado metido a desobediente.
Assim, o servo devia diversas obrigações aos senhores feudais. As mais destacadas eram:
“A fragmentação Política”
No apogeu
do feudalismo, entre os séculos IX e XIII, a Europa estava dividida em
inumeráveis feudos. Cada um deles era um mini-mundo isolado, com suas
próprias leis, cobranças de impostos, força armada. Todos esses feudos,
claro, seguiam a vontade dos seus proprietários nobres. O rei, portanto,
não passava de um grande nobre, com pouca autoridade além do próprio
feudo. Não tinha controle sobre todos os súditos.
A
hierarquia feudal teve origem nas guerras do passado, ainda no tempo das
invasões bárbaras. Um grande chefe militar vencedor distribuía as
terras conquistadas para seus auxiliares mais próximos, que assim se
tornavam seus vassalos.
Os vassalos
tinham a obrigação de dar apoio militar ao seu suserano (o chefe que
lhes tinha cedido um feudo), de pagar o resgate se ele fosse capturado
numa batalha, de puxar o saco dele e rir de suas piadas sem graça.
Os vassalos
também podiam distribuir parte de suas terras para pessoas que seriam,
por sua vez, seus vassalos, e assim por diante, numa corrente que unia
desde os senhores feudais mais poderosos, até a pequena nobreza. Repare
que os servos, de certa maneira, eram o grau mais baixo da hierarquia da
vassalagem.
“A Igreja católica e o feudalismo”
A Igreja
católica era extremamente poderosa. Em primeiro lugar, porque a maioria
das pessoas era católica fervorosa. Depois, porque a Igreja era rica,
dona de vastos feudos. Muitos de seus bens vinham de doações que nobres
deixavam em testamento. Geralmente, os altos postos eclesiásticos (da
Igreja) eram preenchidos por filhos da nobreza. Ou seja, a cúpula da
Igreja e os nobres pertenciam à mesma classe dominante, a dos senhores
feudais.
A Igreja
também dominava a vida cultural. Assim como os servos se subordinavam
aos senhores, a vida cultural era serva dos padres. Os clérigos (homens
da Igreja ) eram das poucas pessoas que sabiam ler. Numa época em que
não havia televisão nem programas de auditório, a Igreja era uma grande
fonte de informação e até de lazer. Tudo o que se dizia e se pensava
devia ter a autorização dela. Quem a contrariasse era considerado um
herege (inimigo do cristianismo) e atirado numa masmorra fria e úmida ou
numa quente e sequinha fogueira.
Como se vê,
a Igreja tinha um importante papel político. Ela era aliada dos
senhores feudais e muitas das idéias que difundia serviam para tornar as
pessoas mais obedientes aos nobres. Nos sermões dos padres, os
camponeses ouviam abobrinhas do tipo "é preciso se conformar com a
pobreza, pois foi Deus quem a desejou". É por isso que muitas revoltas
sociais contra a exploração feudal foram consideradas heresias.
Outra ideia difundida era a de que a sociedade feudal seria eterna, pois
teria sido Deus que desejou que "uns rezassem (a Igreja), outros
combatessem (os nobres) e outros trabalhassem (os servos)". Desse modo,
os trabalhadores estavam subjugados pela espada e pela cruz.
“A justiça feudal”
Imagine que
um servo se sentisse injustiçado pelo senhor feudal. A quem ele iria
reclamar? Àquele que controlava as leis e julgamentos no feudo, ou
seja... o próprio senhor feudal!
O nobre
poderia, gentilmente, propor para "deixar o julgamento nas mãos de
Deus". como seria isso? O servo deveria segurar um ferro em brasa, ou
então ser amarrado a uma pedra enorme e atirado no fio: diziam que se
ele fosse inocente Deus não o deixaria queimar-se ou afogar-se... Dá
para perceber que poucos servos conseguiam o que queriam.
“Novas forças econômicas”
A partir do século IX a economia feudal européia começou a se desenvolver com firmeza. Já não existiam mais
os ataques
dos povos bárbaros nem as pestes (epidemias de doenças mortais) que
tanto tinham preocupado a Europa nos séculos anteriores.
Descobertas
tecnológicas permitiram o crescimento da produção. Isso resultou em
mais comida e bebida na mesa, melhores roupas e mais objetos - não só
para os nobres mas até para alguns servos. É fácil reparar que essa
melhoria nas condições de existência estimulou o crescimento da
população. O efeito também foi inverso: mais gente, mais produção, mais
desenvolvimento econômico.
Muitos
feudos começaram a produzir excedentes, ou seja, mais do que precisavam
para manter sua sobrevivência física. Era possível então vender esse
excedente e, com o dinheiro obtido, comprar outras coisas, vindas de
outras regiões. Dá para perceber que por causa disso, o comércio cresceu
um bocado. As moedas, muito úteis no comércio, adquiriram maior
importância. Quanto mais desenvolvido é o mundo das mercadorias, maior o
poder do dinheiro. Quanto mais poderoso é o dinheiro, mais frágeis são
os homens...
Era comum
os comerciantes se reunirem em alguns locais para trocar mercadorias,
informações e moedas, para beber e contar vantagens sobre suas
conquistas amorosas. Tratava-se das feiras medievais. Algumas dessas
feiras ficaram tão importantes que se tornaram permanentes e deram
origem a cidades.
Nas cidades
vivia a maioria dos comerciantes e artesãos, que vendiam ou faziam as
mercadorias que os nobres tanto apreciavam. A cidade e o campo foram
especializando suas atividades econômicas. Ou seja, enquanto o campo se
dedicava principalmente à agricultura e à criação de animais, as cidades
começaram a concentrar os artesãos e comerciantes. Os nobres apreciavam
sua mercadorias vendidas pelos comerciantes e artesãos, e não hesitavam
em botar a mão na bolsa e pagar em ouro. Com isso, claro, as cidades
foram crescendo e enriquecendo. Como muitas delas ficavam dentro das
terras dos nobres, também tinham que pagar tributos feudais. Mas a
partir do século XIV muitas cidades tinham se tornado ricas o bastante
para se libertar dos senhores feudais e obter plena autonomia.
As cidades
medievais, cercadas de muralhas de proteção, tinham o nome de burgos.
Nelas, moravam os trabalhadores e a classe social que estava nascendo e
que daria muito o que falar: a burguesia.
“A crise do século XIV”
No século
XIV, aconteceu a primeira grande crise do feudalismo. Simplesmente, a
economia feudal não consegui mais produzir o suficiente para alimentar a
população que crescia cada vez mais. É fácil entender. Os senhores
feudais não investiam em tecnologia. Por causa disso, o aumento da
produção agrícola tinha vindo, principalmente do desbravamento de novas
terras. Chegou um momento em que não havia mais terras disponíveis para
ampliar o cultivo. Veio, então, a fome. Para piorar, os nobres e os reis
aumentaram os impostos. Como sempre, os pobres é quem pagaram o pato,
sem comer tal pato. Aliás, sem comer quase nada.
O comércio
italiano com os árabes levou para a Europa tapetes, porcelana,
especiarias e ... a PESTE NEGRA. Os burgos estavam entulhados de gente
que vivia em casebres mergulhados em esgotos e habitados por certos
animaizinhos domésticos sorridentes e peludos como ratos. Como você
sabe, os ratos podem transmitir muitas doenças. Foi o que aconteceu. A
peste bubônica fez seus estragos: quase 40% da população do continente
morreu. Foi uma catástrofe demográfica. A população da Europa só
voltaria a ser a mesma no século XVII.
Cidades
inteiras foram abandonadas. A mão fria da morte fez faltar mão-de-obra
nos feudos. As rendas dos senhores feudais caíram. Muitos deles tiveram
que vender seus bens para pagar o que deviam aos banqueiros. Pra se
segurar, a nobreza caiu de sola em cima dos mais fracos: aumentou o
número de tributos sobre os servos humildes e descalços. Estouraram
então muitas rebeliões camponesas. As mais famosas foram as jacqueries,
na França. Os camponeses invadiam os castelos e tomavam tudo o que
podiam. Depois, dividiam entre si as terras do senhor feudal.
“Até quando durou o feudalismo?”
A burguesia
e as relações de produção capitalistas germinaram por volta dos séculos
XI e XII, quando começou um intenso crescimento urbano e comercial.
Elas foram se desenvolvendo no interior do feudalismo como uma praga que
cresceu até destruir a sociedade feudal. Quando essa destruição final
aconteceu? No momento das revoluções burguesas. Foram elas que
garantiram o triunfo do capitalismo e da burguesia. Na Inglaterra, por
exemplo, a revolução ocorreu em 1640-1689. Na França, em 1789-1814. Na
Europa, no Japão e nos Estados Unidos o capitalismo afirmou seu domínio
pleno durante o século XIX.
Disponível em www.iaulas.com.br
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Soldados da Borracha - O Papel da Mulheres
Posted: 28 Mar 2013 02:42 PM PDT
Mulheres de “soldados da borracha” queixavam-se da vida dura nos alojamentos e reivindicavam assistência do governo
Maria Verónica Secreto
“Quantas
noites, quantos dias o meu coração invadido de umas infindas saudades e
muitas vezes derramam-se de meus olhos lágrimas por esta tua ausência
por tão longos tempos”. As emocionadas palavras de Elcídia Galvão
expressam a falta que lhe fazia o marido, em carta de 20 de junho de
1943. O mundo estava em guerra, e seu Cursino era um “soldado da
borracha”.
A batalha
em que estava envolvido não era militar, e sim um projeto econômico do
governo brasileiro em parceria com os Estados Unidos: aumentar a
produção de borracha amazônica para servir de matéria-prima para os
fronts europeus. Nem por isso foi uma missão menos dramática. Nos dois
anos de campanha na floresta tropical, morreram milhares de
trabalhadores.
Na
retaguarda, a angustiada espera de notícias dos maridos se passava num
contexto particularmente difícil. Aquelas mulheres não estavam em casa,
como escreve a mesma Elcídia: “Vivo neste núcleo de tristeza sem você”. O
“núcleo” a que se refere era uma das hospedarias criadas pelo governo
para dar assistência às famílias dos seringueiros.
Ela estava
abrigada no núcleo de Porangabussu, em Fortaleza. A cidade era o
principal ponto de recrutamento da nova política de Getulio Vargas para a
Amazônia. Ao contrário da estratégia de colonizar a região, promovida
desde a década de 1930, a idéia agora era explorar um único recurso o
mais intensamente possível: “Mais borracha em menos tempo” era o slogan
da campanha. Numa região despovoada e de difícil acesso, a solução para
garantir a mão-de-obra necessária foi recrutar nordestinos. Mais de 30
mil homens atenderam ao chamado para colaborar com o esforço de guerra.
Os
trabalhadores tinham a opção de escolher diferentes formas de
assistência à sua família. Ela podia se limitar à compra de alimentos a
preços abaixo do preço de mercado, incluir o alojamento até que o
contratado chegasse ao seringal ou consistir em assistência integral,
com hospedagem nos barracões do Semta, o Serviço Especial de Mobilização
de Trabalhadores para a Amazônia, criado em 1942 especialmente para a
campanha da borracha.
Mulheres e
crianças moravam em palhoças rústicas e dormiam em redes. Um conjunto de
cartas atualmente reunidas no Museu de Arte da Universidade do Ceará
(MAUC) nos permite conhecer as condições de vida nesses alojamentos. “Já
botaram inquisição por causa do fumo”, queixa-se Elcídia Galvão em
carta ao marido, dizendo preferir ser “enxotada” a abrir mão do cigarro,
pois fumar e chorar eram seus únicos confortos.
Menções a
esta restrição aparecem em outras cartas, assim como o nome da
responsável por atazanar a vida das abrigadas: Ivete, a “mulher do
doutor Pinto”. Joana Abreu desabafa com seu esposo Guilhermino: “A
mulher do doutor Pinto tem implicado com o fumo”, e acrescenta que tem
passado seus dias “horrivelmente”. Escrevendo a seu Abel, Maria
Filisolina de Abreu menciona uma convivência sofrida: “Aqui sou uma
desprezada”. Ela diz que os problemas começaram quando o doutor Pinto
levou a mulher para o núcleo e esta “inventou umas leis que não podem
ser criadas”. Como não obteve êxito em proibir o fumo, decidiu cercar um
dos barracos para as fumantes. Corria o boato de que mulheres e
crianças seriam transferidas para outro núcleo, e a terrível dona Ivete
estava cotada para dirigi-lo. Se isso acontecesse, previa Filisolina,
começaria uma “guerra civil”.
Quem
cuidava da correspondência era a diretora do núcleo, Regina Frota. Foi
com ela que os trabalhadores conversaram antes de partir, e nas cartas
deles fica evidente o sentimento de respeito e gratidão que nutriam por
ela. A figura maternal de dona Regina foi muito importante em seu
julgamento sobre o núcleo e na decisão de empreender a viagem sozinhos.
Tinham certeza de que suas famílias seriam bem amparadas.
Por isso a
surpresa ao receberem as queixas das esposas. O seringueiro José
Rodrigues de Carvalho, do núcleo de Belém, escreveu a Regina Frota
pedindo notícias urgentes do estado de sua família. Isso porque um
“fulano” havia recebido carta da mulher dizendo que ela e as filhas
estavam passando fome. “Além de vossa mercê já ter feito muita fineza
(…) não acredito (…) acho impossível”, comenta José Rodrigues, rogando
que Regina desmentisse os “dizeres” que chegavam do Ceará.
Alfredo
Mesquita de Oliveira, de Manaus, pede um favor à diretora do núcleo: se
as mulheres tiverem de trabalhar, que dêem serviços mais “maneiros” à
sua esposa, Antonia Araújo, e que seja permitido a ela levar as filhas
consigo. Ele ficara sabendo que as mulheres iriam fazer tijolos, telhas e
“trabalhar de enxada”. Sua Antonia não tinha esse costume, e ele alega
ainda que não era esse o combinado. “Quando eu fui fazer a ficha de
família, falamos em trabalhos maneiros como tem de fazer rendas e
engomar bordados, criar galinhas e diversos maneiros”.
Ele não foi
o único a mencionar o contrato assinado. Os trabalhadores levavam a
sério aquele pedaço de papel, até porque o texto mencionava 20 vezes a
palavra “assistência”. As mulheres do núcleo Porangabussu também sabiam
que não estavam ali de favor. Sua pobreza provavelmente levou os
contratantes a acreditar que elas aceitariam qualquer condição. Não era
bem assim. Essas mulheres não se conformavam com um prato de comida
balanceado por uma nutricionista, e não fariam qualquer trabalho por um
teto e uma cama limpa. Elas tinham alguns costumes que pretendiam
manter. Queriam fumar e estavam cientes de que era o trabalho de seus
maridos que as mantinha. Não sentiam qualquer tipo de agradecimento pela
“assistência” recebida.
Mas sua
situação era tão ruim que muitas queriam sair dali de qualquer jeito. Em
outra carta para Cursino, Elcídia Galvão anuncia: “Se você não tomar
providência aí com o chefe eu aqui tomo, retirando-me nem que seja para a
Emigração Getúlio Varga (sic), e quando menos você espera eu chego como
aflagelado (sic) ainda no Pará”. Elcídia referia-se à Hospedaria
Getulio Vargas. Inaugurada em março de 1943, era uma construção
“moderna”, planejada para atender à demanda da guerra em matéria de
emigração, mas também para ser permanente, proporcionando hospedagem e
alimentação aos flagelados que periodicamente chegavam a Fortaleza
durante as secas. Ser “aflagelado”, como anunciava Elcídia a seu marido,
era posicionar-se num lugar de extrema inferioridade.
A batalha
da borracha chegava a um momento crítico. Milhares de seringueiros
haviam desaparecido. A maioria teria morrido vítima de assassinatos,
doenças tropicais e maus-tratos, mas nem os órgãos do Estado sabiam
informar seu paradeiro. Em novembro de 1943, o ministro João Alberto,
coordenador da Mobilização Econômica, emitiu uma portaria na qual
comunicava a anulação do contrato firmado entre o Semta e a Rubber
Development Corporation, entidade norte-americana responsável pela
política da borracha. O ministro anunciou a criação de um novo órgão
para tratar da questão: a Comissão Administrativa de Encaminhamento de
Trabalhadores para a Amazônia (Caeta). Uma de suas primeiras ações foi
cortar a assistência às famílias.
As mulheres
se mobilizaram contra a medida. Um grupo do Crato (CE) enviou carta ao
presidente Getulio Vargas denunciando o fim do auxílio, no lugar do qual
eram oferecidas passagens para o Amazonas, a fim de, supostamente, se
encontrarem com seus maridos – dos quais não sabiam se ainda estavam
vivos, muito menos seu endereço. Outras 54 mulheres de Mossoró (RN)
também se dirigiram ao presidente por meio de telegrama. Elas se
apresentavam como esposas, mães, irmãs e noivas dos seringueiros
recrutados, e invocavam os argumentos do voluntariado e o status de
“soldado” – que, em lugar de metralhadora, carregava nas costas a
mochila e o machadinho para abrir os cortes na seringueira – para fazer
suas demandas. Em vão.
Em 1946,
foi formada uma CPI para investigar o desastre da campanha da borracha.
As autoridades dos vários órgãos convocadas para depor não se entendiam
nem sobre o número de trabalhadores recrutados: as estimativas variavam
entre 34.423 e 53.399 seringueiros e parentes. O que apenas confirma o
desleixo do governo para com seus “soldados”.
Foi uma
grande tragédia feita de pequenas tragédias. Famílias se dispersaram e
se despedaçaram. Muitas sequer conseguiram se comunicar. Foi o caso de
Elcídia, Joana e Maria Filisolina. Suas cartas só estão hoje reunidas em
um único acervo porque nunca foram enviadas. Sem saber, queixavam-se ao
vento.
Maria
Verônica Secreto é professora de História na Universidade Federal
Fluminense (UFF) e na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
(UFRRJ) e autora do livro Soldados da Borracha: trabalhadores entre o
sertão e a Amazônia no Governo Vargas. São Paulo: Fundação Perseu
Abramo, 2007.
Saiba Mais - Bibliografia:
GUILLEN, Isabel C.M. Errantes da selva. Histórias da migração nordestina para a Amazônia. Recife: Editora da Ufpe, 2006.
MORALES, Lúcia Arrais. Vai e vem, vira e volta. As rotas dos soldados da borracha. São Paulo: Annablume/Fortaleza: Secult, 2002.
WEINSTEIN, Bárbara. A borracha na Amazônia: expansão e decadência, 1850-1920. São Paulo: Hucitec/Editora da USP, 1993.
Saiba Mais - Filme:
“Borracha
para a vitória”, de Wolney de Oliveira (Bucanero/TV Ceará /TV Cultura,
2004), disponível no site: www.ac.gov.br/home/videos/borracha.html
A pensão: dois salários
Os soldados
da borracha tiveram de brigar durante décadas para receber seus
direitos. Somente em 1988 os sobreviventes passaram a ganhar uma pensão
vitalícia. O valor: dois salários mínimos. E desde que comprovem
situação de “carência econômica”.
O benefício
inclui os seringueiros que não foram “mobilizados” pelo Semta ou pela
Caeta. Basta provar o exercício da atividade naquela época. Foi o que
fez Francisco Barbosa Cavalcante, nascido em 1921 em “Camuran”, um dos
locais de extração do látex na Amazônia. Com uma testemunha que disse
tê-lo visto cortando seringa durante a Segunda Guerra, ele conquistou em
2006 sua pensão no INSS.
Ainda estão
vivos mais de 10 mil soldados da borracha, todos com cerca de 70 anos.
Em maio deste ano, renovaram-se as esperanças de uma compensação mais
digna: a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos
Deputados aprovou uma proposta de emenda à Constituição que contempla os
seringueiros com os mesmo benefícios concedidos aos ex-combatentes da
Segunda Guerra Mundial, cuja aposentadoria equivale ao soldo de
segundo-tenente das Forças Armadas. A proposta segue em tramitação.
Disponível em Revista de História
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A Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
Posted: 28 Mar 2013 02:41 PM PDT
O período que compreende o intervalo entre as duas grandes guerras mundiais foi um de profundas crises e reviravoltas políticas no cenário europeu. Diante deste cenário desesperador, à população crescentemente se tornou mais interessante as soluções adiantadas por esferas radicais da política, seja da esquerda ou da direita. Como já vimos quando discutimos o fascismo, com o aumento da aceitação do socialismo em diversos países europeus, camadas da burguesia destes países passaram a apoiar decididamente a extrema direita, a principal concorrente dos socialistas. Se este cenário instável em grande parte deveu-se às discussões e tratados do pós-guerra, foram também as tensões oriundas desta situação que em grande parte motivaram a eclosão de um segundo conflito, este sim de proporções literalmente planetárias.
Hitler e a Alemanha – O Tratado de Versalhes, imposto aos alemães quando se renderam ao fim da Primeira Guerra Mundial, era como um imenso peso no pescoço da economia e da sociedade alemã. Seu território permanecia ocupado por tropas não-alemãs (mas pagas pelo governo alemão); seu exército foi forçosamente reduzido a números ínfimos, e sua indústria bélica foi basicamente fechada. Além disso tudo e de mais algumas exigências que aqui não cabe incluir, a Alemanha devia pagar aos países vencedores (especialmente à França) grandes quantias como indenização de guerra. Como vimos, fora justamente a incapacidade da Alemanha de sair da crise, tendo que ao mesmo tempo pagar tais enormes dívidas, o principal motivo da crescente aceitação de Hitler que o levaria ao poder em 1933. À medida que a
Alemanha se recuperava militarmente tornou-se paulatinamente mais fácil para Hitler agir abertamente em desafio às determinações de Versalhes (1935), visto que a França parecia não mais desfrutar de vantagem clara militar sobre os alemães.
A formação do Eixo – Aproveitando-se da crise européia e do isolamento norte-americano, Hitler se aproxima dos governos afins ao dele – em especial Itália e Japão. Com o Japão assinaria em 1936 o Pacto Anti-Komintern, vislumbrando que a URSS seria um inimigo mútuo de ambos e que, juntos, poderiam forçar a URSS ao dilema que tanto assombrava a Alemanha: a batalha em dois fronts. Afinal, se soubesse que ao atacar a Alemanha, a URSS teria de se ver engajada também contra o Japão, do outro lado de seu imenso território, talvez hesitasse ou mesmo desistisse. Entre os três países se formaria o Eixo Roma-Berlim, que origina o termo pelo qual a aliança totalitária é comumente conhecida: O Eixo.
Em 1939, quando a guerra já parecia iminente para a maioria dos europeus, as relações entre a Itália de Mussolini e a Alemanha de Hitler se estreitam ainda mais, com a firmação do Pacto de Aço, uma aliança entre os dois países.
Os primeiros movimentos – Após o fim da I Guerra, uma das estipulações do Tratado de Versalhes foi a de retirar da Alemanha todas as colônias que possuía antes do conflito. Dessa maneira, se após a guerra França e Inglaterra tinham amplas reservas de matérias primas a preços baixos para reaquecer sua economia, os alemães não tinham recursos semelhantes, além de terem que pagar sua indenização mensalmente.
Diante desta situação, Hitler realiza suas primeiras movimentações ofensivas. O Führer estava em busca de espaço vital para sua economia (Espaço Vital é o nome que se dá à noção de que é necessário uma certa quantidade de recursos para viabilizar seu progresso econômico). Ampliando suas fontes de matéria-prima e anexando regiões de mão-de-obra mais barata, Hitler esperava recuperar a economia alemã e ultrapassar seus concorrentes europeus. Obviamente não podemos saber ao certo o que passava na mente do Führer, mas podemos presumir que desde seus primeiros movimentos expansionistas ele já antevia a guerra como inevitável, e tratava apenas de garantir que ela fosse realizada no momento mais oportuno para os alemães.
As democracias liberais – Inglaterra e França – encontravam-se isoladas, diante da postura isolacionista americana e do cenário totalitário europeu. Eram desejosos de paz e tinham por ambição que a Europa se recuperasse da crise o quanto antes, pois esperavam que, após a normalização da economia européia, os governos da extrema direita perdessem seu apoio, como ocorrera
com os jacobinos na Revolução Francesa. Hitler, entretanto, saberia se aproveitar deste desejo de paz e estabilidade dos liberais, e conduziria suas primeiras campanhas em tempos de paz e debaixo dos narizes de França e Inglaterra, que nada fizeram.
Em 1938 Hitler anexou a Áustria (o que o Tratado de Versalhes expressamente proibia), formando a chamada Anschluss. Apesar de violar o Tratado de Versalhes, a manobra de Hitler se apoiava em outro argumento que se tornou popular após a I Guerra: a auto-determinação dos povos, ou seja, o direito de determinado povo ou etnia de governar a si mesmo. Se lembrarmos da I Guerra, lembraremos que esta se iniciou justamente na luta da Bósnia pela independência do Império Austro-Húngaro, que levou ao assassinato do herdeiro ao império. Após a guerra, não só Bósnia mas também a maioria dos povos que compunham o império austro-húngaro receberam autonomia de acordo com tal critério. Aqui, diziam os nazistas, não é diferente. Após a morte do líder austríaco (orquestrada pelos nazistas), o governo austríaco "convida" a Alemanha a se unir a ela e ambos, enquanto germânicos, tem o direito de tomar tal decisão. França e Inglaterra, querendo evitar um conflito, aceita o argumento.
Em seguida, voltou-se para os sudetos, uma região tcheca que possuía população germânica minoritária. Este movimento poderia ter iniciado uma guerra, devido a tratados entre Tchecoslováquia e França e URSS. Entretanto, com mediação inglesa, foi aceita internacionalmente a premissa de que as intenções de Hitler sobre os sudetos se justificavam também pelo argumento étnico-nacional. No entanto, no ano seguinte, os sudetos se mostrariam como apenas um movimento de abertura de uma campanha maior, quando a Alemanha desmembra a Tchecoslováquia e toma para si a região industrializada tcheca, declarando independente a Eslováquia.
Hitler acabaria exaurindo a paciência dos liberais ingleses e franceses em 1939, quando avançou sobre a Polônia Tendo abandonado a política de apaziguamento que permitira as concessões anteriores, França e Inglaterra se opuseram abertamente às pretensões alemãs e soviéticas de anexação da Polônia, e temiam enormemente uma aliança entre URSS e Alemanha. Tendo garantido para si metade da Polônia e a neutralidade de Stalin, Hitler acabava
de construir a base sobre a qual lançaria sua campanha, guiada pela diretriz Blitzkrieg, ou "guerra-relâmpago". Tendo em mente novamente o risco de ser pega em dois fronts, a política alemã pretendia se aproveitar da neutralidade soviética para atropelar os liberais ao oeste e, após concluída a campanha, voltar-se para o leste e atacar a URSS com apoio do Japão.
Hitler e a URSS – Nos anos anteriores à guerra houve uma considerável aproximação entre as políticas soviética e alemã. Detenhamos-nos um pouco sobre estas aproximações, já que as relações entre URSS e Alemanha foram tão importantes para o decorrer da guerra.
Em primeiro lugar, a história russa é uma de relações mais próximas com os germânicos do que com qualquer outra nação européia. A penetração francesa na Rússia se deu especialmente pelo viés cultural, em um momento em que a França era a grande potência cultural do planeta.
Nos demais aspectos, entretanto, a proximidade com os alemães era maior – no aspecto político, por exemplo. Deve-se acrescentar a isso o fato de que o governante da URSS – Stalin – apreciava a política do Führer e se identificava mais politicamente com os governos autoritários do que com os liberais – estes sendo vistos como arquétipos do capitalismo ocidental, o grande inimigo do socialismo.
Além disso, Inglaterra e França também pareciam mostrar interesse nenhum em aproximarem-se da URSS diplomaticamente, até o momento em que a Alemanha passou a se mostrar uma ameaça. Mesmo assim, em tal momento a URSS interpretaria tal aproximação como uma tentativa destes países de forçar um conflito entre Alemanha e URSS e, assim, aproveitarem-se das mortes de soviéticos para evitar mortes de ingleses e franceses.
Stalin ainda tinha consciência de que, no momento em que a economia soviética se encontrava, esta não teria recursos para adequadamente travar uma guerra com a Alemanha. Precisava ganhar tempo. Este seria o principal motivo por trás do tratado de não-agressão assinado em 1939 entre os dois países, no qual se decidia, por exemplo, repartir a Polônia em duas.
Por fim, em seus planos de expansão, Stalin via como sendo alvos muito mais interessantes para eventuais expansões territoriais as áreas asiáticas, que ofereceriam resistência menor. Muitos destes territórios eram partes dos grandes impérios liberais inglês e francês, como Índia ou Indochina. Um conflito entre Alemanha e Inglaterra ou França era, pra Stalin, uma briga entre
capitalistas. Enquanto eles brigam entre si, se abriria uma grande janela na Ásia para a expansão do socialismo.
Os EUA e a Europa – Os EUA, por sua vez, manteriam sua postura de isolamento quando a guerra se inicia, cumprindo papel de fornecedor de produtos, capital e matérias primas aos aliados. Não participariam diretamente da guerra, portanto, até 1941, quando Pearl Harbor é atacada pelos japoneses e o Eixo declara guerra aos EUA. Nos meses anteriores, o presidente Franklin Delano Roosevelt já vinha pedindo que o congresso e a população entendessem a importância do conflito europeu para o mundo e a necessidade de os EUA participarem deste conflito antes que fosse tarde.
Após tal ataque, a opinião pública americana passa a apoiar maciçamente a entrada do país na guerra.
A Blitzkrieg alemã – A estratégia básica alemã na II Guerra se assemelha ao Plano Schlieffen, adotado na primeira. A Blitzkrieg (ou guerra-relâmpago) baseava-se na rápida conquista da França e isolamento da Inglaterra, para depois se voltar à Rússia.
A ofensiva alemã começou em 1940, pegando a França despreparada, precisando de mais tempo para organizar sua produção de guerra e realizar os preparativos finais para uma estratégia de defesa. Os alemães procederam de forma semelhante à primeira guerra, conquistando Holanda e Bélgica, de modo a conter a entrada na França e permitir apenas entrada marítima. Rapidamente sobrepujada e tendo boa parte de seu território conquistado, a França se via com duas opções: retirar-se para a Argélia e organizar uma resistência a partir de lá, ou chegar a um acordo com os alemães. A proposta que se tornou realidade foi a segunda, encabeçada pelo general Petáin. Sob seus auspícios, o general Petáin, um herói francês da primeira guerra, formou um novo governo francês sediado na cidade de Vichy, sujeito aos alemães, e no qual o próprio Petáin seria um líder com poderes ditatoriais. As exigências alemãs eram duras, reduzindo o exército francês a um número irrisório, e o pagamento de 400 milhões de francos diários. Além disso, o governo de Vichy seria acusado por diversos franceses de colaborar com os nazistas, empreendendo perseguições a judeus e entregando membros da resistência
francesa aos homens da SS.
Com a formação do governo de Vichy, França se tornaria basicamente um protetorado dos alemães. Em decorrência disto, os alemães poderiam tranquilamente utilizar a esquadra francesa para seus próprios fins. Os ingleses temiam que, unindo-se as esquadras francesa alemã e italiana o Eixo fosse capaz de invadir a Inglaterra. Assim, optaram por destruir parte da esquadra francesa, o que levou ao corte de relações diplomáticas entre os países pelo decorrer da guerra.
Exilado na Inglaterra, no entanto, surgiria uma figura que hoje ainda é muito importante na memória dos franceses: o general Charles De Gaulle. Através da estação de rádio BBC, De Gaulle urgia aos franceses que resistissem aos alemães e não aceitassem o novo governo. Petáin, por sua vez, dizia fazer tudo isso pelo bem dos franceses, para evitar que sofressem nas mãos de um inimigo muito mais forte que eles, e chamava De Gaulle de traidor e covarde. A guerra parecia caminhar para uma vitória do eixo. A França estava dominada, e a Europa estava sob o comando de Hitler ou de governos amigáveis a ele. A Inglaterra, capaz de repelir qualquer ataque marítimo às suas costas, era bombardeada quase diariamente por aviões alemães, tornando a vida especialmente difícil e afetando a produção do país. Apesar de não poder ser invadida naquele momento, a Inglaterra não oferecia aos alemães ameaça considerável.
Em 1941, entretanto, Hitler agiria em concordância com o diagnóstico de Stalin, que o achava "extremamente capaz, mas incapaz de saber a hora de parar". Achando que o cenário do oeste estava sob controle, Hitler voltou-se para o lado leste e atacou a URSS de surpresa, como Stalin imaginava que ele faria. Stalin apenas imaginava que teria mais tempo. A campanha foi aberta por bombardeios aéreos alemães que inutilizaram boa parte dos aviões soviéticos. Nos primeiros conflitos a vitória alemã foi recorrente, e as baixas de guerra soviética aumentavam exponencialmente. A estratégia militar soviética sofria com a centralização do poder e a incapacidade de Stalin de tomar decisões instruídas em certos assuntos militares, além de faltarem tropas treinadas, armas e munição.
Com mão-de-ferro, entretanto, o líder soviético levantou a indústria bélica a longos passos e eventualmente conseguiu alguns triunfos, que culminariam na batalha de Stalingrado, em 1942. A partir desta primeira grande derrota alemã, os russos iniciariam uma contra-ofensiva que se demonstraria essencial para a derrota do Reich.
A estratégia alemã foi prejudicada pela decisão de um de seus aliados: o Japão. Como já vimos, a Alemanha esperava que, quando se voltasse contra a URSS, o Japão aproveitasse a deixa e invadisse o território soviético pelo leste, forçando as tropas de Stalin a se dividir. O Japão, entretanto, pensou diferente. Vendo que a URSS e a Alemanha trocavam golpes, o Japão se sentiu seguro para iniciar uma ofensiva contra outro rival, os Estados Unidos. Desde do fim do século XIX havia tensões entre os dois países, visto que durante o período de expansão imperialista ambos se voltaram para o pacífico em busca de anexações.
Em 1941 os japoneses bombardearam Pearl Harbor. Esperavam que um golpe bem dado inutilizasse as forças aéreas americanas, mas calcularam mal. A partir de então, os japoneses se comprometeram com uma guerra no pacífico, e pouco fizeram contra a URSS, permitindo que esta alocasse todas as suas forças na repulsão dos alemães.
Com o ataque à URSS e a bem-sucedida resistência da mesma, Hitler passou cada vez mais a negligenciar o front oeste que, com a entrada dos EUA na guerra, começou a alcançar avanços consideráveis. A Alemanha passou a ser brutalmente bombardeada, recebendo nada menos que 500 mil toneladas de bombas em 1945. Na África, colônias francesas como a Argélia e regimentos ingleses em colônias como o Egito começam a "empurrar" o exército alemão de volta para a Europa. Da África invadiram a Itália pela Sicília, levando à deposição de Mussolini. Em resposta a isso, Hitler invadiria a Itália e restauraria seu aliado, apenas para em seguida ver os aliados capturando Mussolini e o executando em 1945. A última grande campanha da guerra seria
justamente o imenso desembarque na Normandia, chamado de Dia D, em 1944. Antecipado por bombardeios estratégicos, esta imensa operação seria a grande responsável pela reconquista da França e derrota dos alemães, após o suicídio de Hitler.
O fim da guerra – Sendo atacados por todos os lados e claramente em desvantagem, membros do gabinete de Hitler começaram a falar de rendição, apenas para serem considerados traidores. Hitler tentou reagir até não ver mais escapatória e saber que as tropas aliadas se aproximavam de Berlim. Perdendo as esperanças, se mata, junto com a mulher Eva Braun e Goebbels. A rendição alemã viria dos militares, em maio de 1945. Finda a ameaça alemã
e italiana, a guerra rumava ao seu fim, e o Japão apenas restava como beligerante. Desde 1944, quando decidiu que a Alemanha não mais demonstrava uma ameaça à URSS, Stalin reduziu seus esforços de guerra contra os alemães e começou a transferir recursos para o front oriental, com intuito de combater os japoneses se necessário. Stalin, no entanto, não tinha nenhum desejo de fazer favores aos capitalistas, e apenas agia no benefício destes quando era capaz de extrair vantagens de tais atos. Atrasaria, portanto, sua intervenção sobre japoneses, alegando, por exemplo, problemas logísticos.
Os americanos, impacientes com as baixas no pacífico, decidiram por um caminho radical, cujo intuito era de quebrar o espírito japonês e forçá-los a se render imediatamente e incondicionalmente. Este caminho foi o das bombas atômicas, lançadas em 1945 sobre Hiroshima e Nagazaki, causando cerca de 300 mil mortes e tantos muitos outros feridos. Os japoneses, aturdidos com a potência de tais armas, não viram opção senão renderem-se. Inicia-se a chamada era atômica, marcando o fim do maior conflito da história até então, apenas para ser uma das protagonistas das tensões futuras.
Disponível em Vetor Pré-Vestibular
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quinta-feira, 18 de abril de 2013
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