segunda-feira, 15 de abril de 2013


Saiba mais sobre Nicolás Maduro, 'herdeiro' e agora sucessor de Chávez

Presidente interino foi eleito para mandato que vai até 2019 na Venezuela.
'Ungido' por Chávez em dezembro, ele bateu Capriles por margem estreita.

Do G1, em São Paulo

O presidente eleito da Venezuela, Nicolás Maduro, celebra sua vitória neste domingo (14) no Palácio de Miraflores, em Caracas (Foto: Reuters)O presidente eleito da Venezuela, Nicolás Maduro, celebra sua vitória neste domingo (14) no Palácio de Miraflores, em Caracas (Foto: Reuters)
O presidente interino da Venezuela, Nicolás Maduro, foi eleito presidente neste domingo (14), após derrotar o oposicionista Henrique Capriles nas urnas, e vai governar o país até 2019.
Maduro, 'herdeiro' político designado por Chávez, prometeu continuar a chamada "revolução bolivariana" empreendida pelo líder socialista, morto de câncer em 5 de março passado.
Em 9 de dezembro de 2012, ao anunciar uma imprevista reincidência do câncer diagnosticado em meados de 2011 na zona pélvica e a necessidade de uma nova cirurgia em Cuba, Chávez mudou radicalmente de tom e "indicou" o vice-presidente e chanceler Maduro, de 50 anos, como seu sucessor caso precisasse se ausentar do poder.
Ex-motorista de ônibus, Maduro teve atuação no movimento sindical da categoria.
Ele era chanceler do governo Chávez desde 2006, e foi nomeado vice-presidente após a reeleição de Chávez em outubro do ano passado.
O vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anuncia a morte de Hugo Chávez (Foto: Telesur/AFP)O vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anuncia a morte de Hugo Chávez em 5 de março (5)  (Foto: Telesur/AFP)
Como ministro de Relações Exteriores, ele foi fiel às ideias diplomáticas do chavismo. Ele é considerado, por diplomatas estrangeiros, uma pessoa afável e de trato fácil.
Maduro se aproximou de Chávez desde que o presidente anunciou, em junho de 2001, a doença que o acabaria matando.
Ele acompanhou Chávez várias vezes a Havana, Cuba, onde o líder fez seu tratamento médico, e era responsável por transmitir ao público as notícias sobre o estado de saúde do presidente, o que foi interpretado como sinais de uma possível preferência em um processo sucessório dentro do chavismo.
No período da última cirurgia, ele apareceu bastante, sendo porta-voz das notícias sobre o estado de saúde do presidente.
Diante da missão de substituir o "Comandante", nos últimos tempos Maduro veio tentando emular o discurso do então presidente enfermo, tentando mostrar um lado mais radical em suas aparições públicas.
Na campanha eleitoral, ele foi bastante criticado por supostamente "errar o tom" ao evocar o líder morto, cuja imagem esteve presente o tempo todo, mantendo um clima emocional.
Maduro é bastante respeitado no círculo mais próximo a Chávez. Considerado de tendência moderada dentro do chavismo, ele é um nome apreciado pelo governo de Cuba, importante aliado da Venezuela.
Chávez definiu Maduro como "um revolucionário por completo, um homem com muita experiência, apesar de sua juventude", e afirmou que é "um dos líderes jovens de maior capacidade para dirigir o destino da Venezuela com sua mão firme, com seu olhar, seu coração de homem do povo, com suas habilidades interpessoais, com o reconhecimento internacional que ganhou".
Maduro foi eleito para a Assembleia Nacional em 2000. Sua defesa das políticas do chavismo logo fizeram dele um "protegido" do presidente.
Ele chegou à presidência da Assembleia, e após virar ministro entregou o cargo a sua mulher, Cilia Flores, uma advogada que se tornou a primeira mulher presidente da Casa, entre 2006 e 2011.
Quando Chávez foi preso em 1992, após uma frustrada tentativa de golpe, Cilia Flores liderou a equipe jurídica que o libertou dois anos depois.
Ela agora atua como procuradora-geral do país.
Maduro e Ciria são considerados um "casal poderoso" nos círculos do governo. Ela foi bastante presente na campanha presidencial, pois o povo venezuelano, moralmente conservador, em tese valoriza a família.
Maduro, aliás, foi bastante criticado durante a campanha por ter feito insinuações homofóbicas contra Capriles, que tem 40 anos e é solteira.
Com o endosso de Chávez a Maduro, ficaram à margem as ambições de outros nomes do Partido Socialista Unido da Venezuela, como o presidente da Assembleia, Diosdado Cabello, menos popular entre os venezuelanos, mas com mais ligações com o exército e o empresariado.
Logo após o discurso de Chávez em dezembro, Cabello manifestou apoio à decisão do presidente.
Como chanceler, Maduro adotou ao pé da letra o discurso anti-imperialista de Chávez, hostil aos Estados Unidos, assim como a defesa dos regimes da Síria ou do falecido ditador líbio Muammar Kadhafi.
Em julho de 2012, Maduro foi acusado pelo governo do Paraguai de ingerência, por ter incitado os comandantes militares paraguaios a evitar a destituição do presidente Fernando Lugo em um julgamento político no Congresso.

Ao mesmo tempo, participou dos processos de integração regional impulsionados pela Venezuela nos últimos anos, como a Celac, assim como das negociações com os novos sócios político-econômicos da Venezuela, como China e Rússia.

Nos últimos meses, durante a doença de Chávez, o chanceler, unido sentimentalmente à procuradora-geral da República Cilia Flores, adotou um papel mais protagônico na diplomacia venezuelana, substituindo-o em conferências internacionais, como a Cúpula das Américas realizada em Cartagena (Colômbia) em abril.

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