sábado, 17 de novembro de 2012


Cai número de negros alfabetizados na PB

Apesar do crescimento populacional, a taxa de alfabetização entre negros no Estado reduziu, conforme dados do IBGE.

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Kleide Teixeira
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Menos negros estão sendo alfabetizados na Paraíba. Esta é a constatação do Censo Demográfico 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 10 anos, a quantidade de pessoas dessa raça aumentou no Estado, mas a taxa de alfabetização entre elas caiu.
Em 2000, a Paraíba tinha 128.503 habitantes com mais de cinco anos e que se autodeclararam serem pertencentes a essa etnia.
Destes, 74.384 sabiam ler e escrever, o que representava 57,89% do total. Dez anos mais tarde, a parcela dessa população subiu para 143.349 indivíduos, sendo que 60.781 eram alfabetizados. O percentual foi de 42,40%.
Para a assistente social e mestranda em Ciências Jurídicas, Terlúcia Silva, a queda é motivo de preocupação e reflete a ausência de políticas públicas para a área. Ela é coordenadora da Bamidelê, uma Organização Não Governamental (ONG) que defende os direitos da população negra e explica que existem muitas iniciativas públicas para inserir a criança negra na escola, mas faltam incentivos para mantê-la no local.
“No Brasil, existem cerca de 14 milhões de analfabetos e, destes, nove milhões são negros. É uma realidade de muitos anos e que não vem sendo alterada. Na Paraíba, a alfabetização caiu justamente numa década onde ocorreram avanços em outras áreas da vida do negro”, conta.
“A educação é principal via de acesso para a mobilidade social do estudante negro. Se não há avanço nessa área, a situação fica preocupante”, acrescenta.
A pesquisadora explica que a população negra ainda é mais ausente das salas de aulas porque é a etnia ainda mais pobre em relação às outras raças. “Desde criança, o aluno negro já enfrenta dificuldades para estudar. Seja pelo preconceito e discriminação que sofre na escola, seja pela necessidade de trabalhar para ajudar em casa, seja pelas condições de moradia, onde não há espaço para lazer ou diversão”, observa.
“Para agravar ainda mais a situação, o aluno encontra na escola uma educação padrão, que é aplicada de forma igual para todos os alunos, independente das deficiências educacionais e contexto socioeconômico deles. Tudo isso se torna numa série de dificuldades que elevam os índices de evasão escolar entre os negros”, afirma Terlúcia.
Para a coordenadora do Bamidelê, faltam políticas educacionais voltadas para beneficiar os negros. “Por ser mais pobre, o aluno negro precisa trabalhar e não tem condições de se dedicar com exclusividade aos estudos. Mesmo que também seja pobre, o branco não vai sofrer o preconceito que o negro sofre. A escola tem que ter a consciência de que é preciso ter um ensino diferenciado e combater o preconceito. Mas o que vemos é que muitos professores não investem nos alunos negros por acreditar que eles não terão futuro”, declara.
http://www.jornaldaparaiba.com.br/noticia/96054_cai-numero-de-negros-alfabetizados-na-pb

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