sexta-feira, 29 de março de 2013



A crise de 29, ou Grande depressão dos anos 30, foi a maior crise econômica vivida pelo capitalismo até a crise que recentemente assustou o mundo todo. 

Teve início com a quebra da bolsa de Nova York em 1929 e se espalhou por todo o mundo nos anos seguintes, levando à falência milhares de empresas e elevado em milhões o número de desempregados em todo o mundo capitalista. Foi uma crise do sistema econômico liberal, que tanto acreditava nas propriedades auto-reguladoras do mercado para se manter são. Diante da crise deste modelo, muitos estados passarão a intervir de forma mais profunda nas relações econômicas da sociedade, na tentativa de resgatar suas economias desta crise. 

Após a guerra, a prosperidade americana era inigualável em relação a qualquer outra no mundo. É o momento em que o american way of life se torna um exemplo de vida e um desejo de todos. Economicamente forte, a sociedade americana investia em ações e se aproveitava do crédito fácil do momento para tentar se enriquecer no mercado de ações – afinal, em uma economia em grande expansão, a tendência de todas as ações é de se valorizarem. Entretanto, a crise de 29 os pegou de surpresa. 

Muitos viram suas ações virarem papéis sem valor, pedaços de uma companhia falida. Outros correram para liquidar as suas antes que fosse tarde, contribuindo apenas para uma maior desvalorização. Muitos se viram arruinados, tendo se endividado para comprar as ações – que eram vistas como um negócio seguro – e se viram perdendo suas casas e suas economias. 

Antes da crise 
Desequilíbrio econômico no pós-Primeira Guerra – A Primeira Guerra Mundial, para os países que a iniciaram, seria uma guerra rápida, que duraria não mais do que dezoito meses. O entrincheiramento das tropas e as especificidades da guerra fizeram com que esta durasse quatro anos. Neste tempo, a economia européia se esgotou tentando manter vivo o esforço de guerra, ao ponto de reduzir a produção de produtos básicos para a população. As baixas também aumentavam, diminuindo o número de braços que poderiam estar produzindo nesta economia. Para sanar esta deficiência, os estados europeus – especialmente Inglaterra e França – se voltaram para os americanos em busca de crédito. Além disso, o mercado europeu – bem como o mercado das colônias europeias – se abria totalmente para os americanos, visto que a indústria européia se desgastava e não conseguia manter um ritmo de produção como o anterior à guerra. Ao fim da guerra, enquanto a Europa se encontra destruída e exausta após uma guerra longa, os Estados Unidos se encontram fortalecidos, sendo os grandes credores do mundo e a economia mais forte do planeta. 

A recuperação das economias europeias – Com a própria ajuda dos EUA, as economias da Europa Ocidental conseguem se reerguer e suas indústrias conseguem atender a demanda interna. Com o tempo, as economias europeias também conseguem atender as necessidades de suas colônias, passando a rejeitar a ajuda americana neste quesito. A produção da economia americana, neste momento, era voltada antes para a demanda dos norte-americanos, dos europeus e das colônias. A concorrência nestes mercados com os produtos da indústria européia que se recuperava gerou uma crise de produção. 

O estopim da crise – Esse fechamento dos mercados coloniais pelas metrópoles em vista da recuperação daquelas economias é a causa imediata da crise. Havia uma superprodução nos EUA que atendia ao mundo inteiro e de um momento para o outro, é rejeitada pelos europeus. 

Motivações profundas da crise – Karl Marx, criador do socialismo científico, afirmava que o capitalismo é um sistema econômico fadado a se autodestruir, pois vive de crises cíclicas inevitáveis.A tendência da produção capitalista é de aumentar sempre, buscando cada vez mais lucros. Acaba chegando uma hora em que a produção é maior do que a demanda. Isso leva à crise econômica. Sem revender seus produtos, todo capital investido na produção destes não tem retorno, e o dono da indústria ou empresa se vê debilitado, incapaz de pagar suas contas, de manter o ritmo de produção, e ainda tem que temer seus concorrentes. Afinal, se ele decidisse reduzir sua produção, e seu concorrente não o fizesse, o que aconteceria se o mercado se normalizasse? Seu concorrente lucraria mais do que ele, teria mais capital para investir em sua empresa e, no futuro, seria um concorrente bem mais perigoso. 

A crise – A crise tem início com a quebra de algumas empresas americanas em 1929 na Bolsa de Nova Iorque. Dá-se em seguida um quebra-quebra de empresas em todos os EUA e em todo o mundo capitalista. A verdadeira depressão econômica se dá nos anos 30 e não em 1929 e a principal expressão dessa crise é o desemprego generalizado. 

Após a crise 
Nos Estados Unidos – O chamado New Deal foi a forma através da qual os americanos lidaram com esta crise. Em 1929, ocupava a presidência americana um republicano liberal. Ele não tomou nenhuma medida para tentar resolver a crise, ainda crendo no modelo liberal, contando com que a economia se arrumasse por ela mesma. Isso só agravou a crise, com mais falências e desemprego. Em 1932, elegeu-se presidente o democrata Franklin Delano Roosevelt, que defendia a atuação do Estado na economia para resolver a crise. Ele pôs em prática o New Deal, plano de intervenção na economia com o  objetivo central de reverter os problemas do desemprego na sociedade. A partir deste plano, o estado se incumbiu de planejar a produção agrícola, realizar grandes obras públicas, promover e defender direitos e assistência trabalhista, entre outras medidas. O objetivo central era empregar pessoas que antes estavam desempregadas, de modo a aumentar o consumo e reaquecer a economia norte-americana. 

Nos países primário-exportadores – Os países que tinham como núcleo da economia as suas exportações, tendo como exemplo todos os países latino-americanos, foram duramente atingidos pela crise – já que os países ricos passaram a comprar bem menos seus produtos. A crise econômica desses países foi uma das causas para os diversos golpes de estado que observamos no período. 

Na Europa – As economias europeias se reerguiam às custas do crédito americano. Quando a crise estoura em 1929, o estado americano exige o pagamento de diversos empréstimos para lidar com a crise em seu próprio país, e muitos investidores privados decidem liquidar seus investimentos na Europa, temendo perder seu capital. Isso levou a que essas economias sofressem seriamente também os efeitos da crise que se iniciou nos EUA. Isso foi mais grave na Alemanha, que tinha tido uma ligeira recuperação econômica de 1925 a 1929 com a ajuda norte-americana. Isso leva o país à maior hiperinflação de todos os tempos e um enorme desemprego, terreno fértil para a ascensão nazista. 

Na União Soviética – Esse país foi o que menos sofreu no mundo os efeitos da crise. Como a diretriz do planejamento econômico soviético era o de tentar se tornar independente do mundo capitalista, já visto como um inimigo mortal, aquela economia tinha poucas relações com outras economias, e portanto sofreu menos com a crise de 1929. Os planos quinquenais continuaram e uma série de cientistas e técnicos ocidentais desempregados por causa da crise foram trabalhar na URSS no período. Além disso, deve-se lembrar que a crise de 1929 foi a primeira grande crise do mercado de ações, do capital financeiro. Na URSS, todas as indústrias eram estatais, não havia ações para se comprar. Quando o pânico acerca do mercado de ações leva todo o bloco capitalista ao desespero e as ações a uma desvalorização desmedida, na URSS esta questão.
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