Chávez participa de cerimônia durante um de seus retornos dos tratamentos em Cuba (foto de arquivo)
Antes de viajar a Havana, Chávez nomeou o vice-presidente Maduro como potencial sucessor
para liderar a sua revolução socialista caso ficasse incapacitado. Trajetória
Chávez iniciou sua história política ao liderar uma
tentativa frustrada de golpe de Estado em fevereiro de 1992, contra o
governo do então presidente Carlos Andrés Pérez.
No golpe de 1992, Chávez e membros do Movimento
Revolucionário Bolivariano protestavam contra medidas de austeridade
econômica do governo de Pérez. Os confrontos deixaram 18 mortos e 60
feridos. A tentativa frustrada levou Chávez a ser detido por dois anos,
quando foi libertado graças a uma anistia do novo presidente Rafael
Caldera. Uma segunda tentativa de golpe contra o presidente, em novembro
do mesmo ano, foi novamente reprimida. Pior que o Iraque: Governo Chávez censurou epidemia de violência da Venezuela Veja especial de matérias do iG sobre Venezuela
Em 1997, relançou seu partido sob o nome de Movimento 5ª
República, que mais tarde veio a se tornar Partido Socialista Unido da
Venezuela (PSUV). Foi eleito presidente em 1998, em eleições que venceu
com 56% dos votos, após uma campanha contra os partidos tradicionais e
promessas de combate à pobreza e à corrupção.
Depois de tomar posse, em fevereiro de 1999, Chávez
dissolveu o Congresso venezuelano e convocou uma Assembleia Nacional
Constituinte. A nova Constituição, aprovada por referendo no mesmo ano,
alterou o nome oficial do país para República Bolivariana da Venezuela,
ampliou os poderes do Executivo, eliminou o Senado, permitiu maior
intervenção do Estado na economia e reconheceu os direitos culturais e
linguísticos das comunidades indígenas. Veja vídeo com a trajetória de Hugo Chávez:
Além disso, convocou novas eleições para
presidente em 2000, nas quais saiu vitorioso com 55% dos votos. Apoiado
na chamada Lei Habilitante, ele conseguiu promulgar 49 decretos em um
ano, sem necessitar de aprovação da Assembleia.
Nações vulneráveis: Países que recebem petróleo barato temem ficar órfãos de Chávez
Em 2002, Chávez sofreu um dos golpes de Estado mais
rápidos da história depois de a população venezuelana aderir a uma greve
geral que durou dois dias e culminou em uma marcha com 15 mortos e 100
feridos. A greve foi convocada pela Confederação dos Trabalhadores da
Venezuela (CTV), maior sindicato do país, e pela associação empresarial
Fedecámaras, depois de Chávez substituir gestores da companhia estatal
petrolífera PDVSA por pessoas de sua confiança.
Depois de a população ir às ruas para protestar,
militares anunciaram a “renúncia” de Chávez e empossaram como presidente
provisório Pedro Carmona, da Fedecámaras. Militares leais a Chávez
organizaram um contragolpe e tomaram o Palácio de Miraflores, para o
vice Diosdado Cabello assumir a liderança temporária do país, até Chávez
ser libertado da prisão na ilha deLa Orchilae regressar a Caracas para
retomar o poder.
AP
Foto divulgada por Palácio de
Miraflores mostra presidente da Venezuela, Hugo Chávez, mandando beijo
antes de embarcar em direção a Havana (10/12/12)
‘Inimigo’ dos EUA
Na região, Chávez esteve amparado por líderes
esquerdistas de retórica antiamericana. Como o caso dos presidentes Evo
Morales (Bolívia), Rafael Correa (Equador), Daniel Ortega (Nicarágua),
além do ex-mandatário hondurenho Manuel Zelaya e dos cubanos Raúl e
Fidel Castro. Chávez também era próximo do ex-presidente brasileiro
Luiz Inácio Lula da Silva
, com quem, para alguns analistas, disputava a liderança da América Latina. O último retorno: Chávez volta de surpresa de Cuba para a Venezuela
Crítico costumaz do que chamava de “imperialismo”
americano, Chávez acusava os EUA de estar por trás do golpe que tentou
derrubá-lo em 2002. Na Assembleia Geral da ONU em 2006, chegou a chamar o
então presidente americano, George W. Bush (2001-2009), de diabo. “O
diabo esteve aqui ontem e ainda sinto o cheiro de enxofre”, disse em
discurso um dia depois de Bush.
Com a chegada de Barack Obama à presidência americana, em
2009, o líder venezuelano deu sinais de uma nova relação entre Caracas e
Washington. Na Cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago, em abril de
2009, Chávez cumprimentou Obama, a quem presenteou com o livro “As Veias
Abertas da América Latina”, clássico do uruguaio Eduardo Galeano que
questiona o imperialismo americano e europeu na região. Relembre todas as notícias sobre o câncer de Chávez
Na prática, no entanto, as relações permaneceram tensas e
marcadas por imbróglios diplomáticos. Em dezembro de 2010, o
Departamento de Estado americano revogou o visto do embaixador
venezuelano em Washington, Bernardo Álvarez Herrera. A decisão foi
tomada após Chávez ter se recusado a aceitar o indicado americano para o
cargo de embaixador em Caracas, Larry Palmer.
Apesar das diferenças, a Venezuela ainda é
estrategicamente importante para os EUA na região. Dada suas vastas
reservas de petróleo - o país membro da Organização dos Países
Exportadores de Petróleo (Opep) possui cerca de 297 bilhões de barris - é
um dos principais fornecedores dos EUA. Formação militar
Filho de professores, Hugo Rafael Chávez Frías nasceu em
28 de julho de 1954, em Sabatena, no Estado de Barinas, e foi criado
pela avó paterna. Amante de esportes, em particular o beisebol,
ingressou aos 17 anos na Academia Militar da Venezuela, onde se graduou
em 1975 em ciências e artes militares no ramo de engenharia. Na carreira
militar, chegou ao posto de tenente-coronel. Maduro: Potencial sucessor de Chávez pode atenuar polarização na Venezuela
Chávez casou-se duas vezes. A primeira com Nancy
Colmenares, com que teve Rosa Virginia, María Gabriela e Hugo Rafael, e a
segunda com María Isabel Rodríguez, com quem teve Rosinés e esteve até
2003. Manteve também uma relação amorosa durante cerca de dez anos com a
historiadora Herma Marksman enquanto era casado com a primeira esposa. Dentro de casa
Dentro de casa, o projeto político de Chávez marcou a história da Venezuela dividindo o país entre chavistas e não chavistas.
Seu governo buscou nacionalizar empresas, petrolíferas
estrangeiras, além de diversas indústrias - como as de cimento e
metalurgia. Além disso, implementou uma série de programas sociais de
educação e saúde, conhecidos como “missões”
, mas não conseguiu reverter a pobreza crônica e o desemprego do país.
Visto por seus partidários como um líder preocupado com
as camadas mais pobres, Chávez era criticado por opositores que o
consideravam cada vez mais autocrático e o culpavam de censurar a
imprensa. Em novembro de 2010, o dono da opositora TV Globovisión,
Guillermo Zuloaga, chegou a pedir asilo político aos EUA depois de a
Justiça emitir uma ordem de prisão contra ele por usura e de Chávez
tê-lo acusado de formar parte de um grupo para matá-lo.
Em 2005, a oposição boicotou as eleições parlamentares na
Venezuela, acusando as autoridades eleitorais de serem parciais. Um ano
mais tarde, Chávez conquistou um novo mandato de seis anos com 63% dos
votos.
Governo da Venezuela divulga fotos de Chávez ao lado de suas filhas em fevereiro de 2013. Foto: Divulgação
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Apesar de ter perdido um referendo constitucional sobre
reeleição presidencial indefinida, em 2007, Chávez se saiu vitorioso em
uma nova consulta popular, na qual os venezuelanos decidiram por
mandatos ilimitados para oficiais eleitos em 2009. Em setembro de 2010,
seu partido ganhou maioria nas eleições para Assembleia Nacional frente
aos 40% conquistados pela oposição.
Além de trocas de embates com a oposição, o líder
venezuelano polemizou também com diferentes setores dentro da Venezuela.
Chávez costumava descrever executivos do setor petroleiro vivendo em
“chalés de luxo, onde fazem orgias e bebem uísque” e acusava líderes da
Igreja de negligenciar os pobres, ficando ao lado da oposição e
defendendo os ricos.
De estilo personalista, Chávez se dirigia à nação todos
os domingo em seu programa de TV semanal Alo, Presidente, no qual falava
sobre suas ideias políticas e entrevistava convidados, cantores e
dançarinos.
O líder foi reeleito em 2012
, derrotando o rival opositor Henrique Capriles, atual governador de
Miranda. Ele costumava dizer que sua intenção era permanecer no poder
até 2019, pois precisava de mais tempo para implementar a revolução
socialista na Venezuela.
*Com BBC
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